08/12/2020
LEÃO DE RODÉSIA
“O cão que sobrevive à caça do leão”
O Leão da Rodésia é uma raça que foi, como o próprio nome indica, apurada na antiga Rodésia, mais propriamente na antiga Rodésia do Sul, que hoje corresponde ao Zimbabué. No mundo anglófono é conhecida como Rhodesian Ridgeback, que signif**a “rodesiano de crista nas costas”.
A colonização dos territórios do continente africano pelos europeus, iniciada no século XVI (embora no século XV os portugueses já tivessem algumas feitorias no continente), levou a que chegassem a África várias raças europeias, nomeadamente mastins, galgos e pointers. Na parte sul deste continente, vivia um povo chamado Khoikhoi, que havia desenvolvido um tipo de cão que tinha uma crista de pêlo ao longo do dorso que crescia na direcção oposta à restante pelagem. Estes cães demonstravam uma grande aptidão para a caça, possuindo uma resistência e uma tenacidade que surpreenderam os invasores.
Naturalmente, dadas as diferenças climatéricas, os cães vindos da Europa sentiram dificuldade em adaptarem-se ao novo território. Assim, essencialmente durante o século XIX, os colonos europeus cruzaram os cães Khois (desenvolvidos pelo povo Khoikhoi), capazes de resistir às temperaturas mais quentes, com os seus próprios cães, desenvolvendo uma raça inteligente, corajosa, apta para caçar e guardar propriedades.
De facto, a sua capacidade para atrair e dominar a caça grossa sem qualquer tipo de contacto físico levaram-na a actuar na caça ao mais temido dos predadores africanos, o leão. Numa estratégia perfeita assente na dinâmica de matilha, estes cães cercavam de diversas formas o leão, mantendo-o ocupado até à chegada do caçador.
O apuramento do Leão da Rodésia como raça padronizada ocorreu quando o missionário protestante, Charles Daniel Helm, levou, em 1879, duas cadelas com crista no dorso para a sua casa na Rodésia, lugar muito apreciado e frequentado por caçadores europeus.
Ainda neste ano, Helm celebrou o casamento entre Cornelius van Rooyen e Maria Margareta Vermaak. Ora, van Rooyen era um conhecido caçador que, desde logo, ficou impressionado com as cadelas de Helm, pedindo-lhe autorização para as cruzar com os seus cães de caça.
Obtendo resultados muito positivos, o caçador continuou a aprimorar os seus cães, à época chamados “cães de van Rooyen”. De acordo com as palavras do próprio, o princípio de selecção privilegiado era “o cão que sobrevive à caça do leão”. Não admira que os cães mais apreciados pelo caçador estivessem cobertos de cicatrizes.
Já nos anos vinte do século passado, Francis Richard Barnes levou e apresentou esta raça aos norte-americanos, tendo desempenhando um papel fulcral no estabelecimento do Rhodesian Ridgeback como raça reconhecida internacionalmente.
Alguns exemplares de ninhadas de Leão da Rodésia podem não ter crista, aos quais se chama Rhodesian Ridgeless.