09/01/2023
A atribuição de estados mentais humanos a animais não-humanos é o que chamamos de antropomorfização (humanização).
Já reparou que essa é uma característica humana muito prevalente na população? Não importa o local ou cultura, é possível observar a humanização dos animais em algum nível.
Será que existe algum componente biológico para a prevalência desse comportamento humano? Será que isso já foi importante para nossa sobrevivência?
Os humanos são capazes de antropomorfizar outros animais por conta de um atributo mental conhecido como “consciência reflexiva”, ou seja, a capacidade de autoconhecimento, entendimento e antecipação do comportamento de outros.
Enquanto outros hominídeos que competiam com a nossa espécie tinham uma provável modularidade na estrutura mental, nossa espécie passou a produzir uma troca de conhecimento e informação entre os módulos mentais.
Em outras palavras, passamos a usar a inteligência social, histórica, técnica e geral de maneira sobreposta. Esse fenômeno ficou conhecido como “fluidez cognitiva” e deu origem à “revolução cognitiva” que houve há 40 mil anos na nossa espécie. Após esse evento ocorreu uma grande expansão de manifestações culturais, artísticas, tecnológicas e religiosas.
A capacidade de antropomorfizar foi apenas uma das consequências da fluidez cognitiva. É possível dizer que essa capacidade foi uma grande vantagem nossa sobre os outros hominídeos, como o Neandertal.
Antes de existir a ciência como hoje, foi a antropomorfização que possibilitou aos humanos um melhor entendimento dos hábitos e comportamentos dos outros animais. Com isso foi possível utilizar estratégias elaboradas de caça, incluindo o planejamento, uma habilidade preditiva de movimentos e do comportamento animal.
Foi também através dessa capacidade que provavelmente a domesticação dos cães pode ter sido impulsionada no meio dos humanos.
É possível que sem a antropomorfização nossa espécie não estaria aqui e a domesticação e manutenção dos cães seria inviável.
Fonte: primeiro comentário.