O engenheiro Jonathas, ao invés de construir, cria. Do interior, foi a Curitiba ainda menino, não sem antes coletar memórias de pomares, de árvores, de frutas, e de mato. Mementos de vida. Já crescido, já imerso em cidade, tentou criar em casa plantas em vasos, a servir em um só tempo de escape de vida urbana, de memória de infância, e de lembrete de que há, afinal, uma natureza. Morreram todas. Resolveu o problema, e assim surgiu a KERAMIS.
Fez um irrigador natural, um recipiente cônico e oco, nada sintético, feito de cerâmica cuja base é argila adquirida de produtores locais, dos arredores de Curitiba. Ao ser enterrado nos vasos, e conectado a um reservatório de água, o artifício entra em equilíbrio com o meio, e fornece a quantia exata de água que a planta recebe. A tecnologia não é nova. Era popular antes de surgirem meios autômatos de irrigação. O barro, junto com outros elementos naturais, é cozido na medida certa, criando paredes cuja porosidade permite que a água transpire na terra. Por ficar debaixo da superfície, evita proliferação de ervas e criaturas daninhas. Por estar conectado a reservatório, e por emanar aos poucos a água, não exige quase nenhuma manutenção.
Mantém vivas as plantas, que para Jonathas são memórias, infâncias e naturezas. O irrigador tem forma fixa, temperatura regrada, medidas contadas. Mas no fim, mesmo que rijo, mesmo que opaco, acaba criando vida
📝Guilherme Stadler
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