25/09/2024
Tão importante para os cavalos quanto o aquecimento no início dos treinamentos (já comentado em post anterior) é o desaquecimento após o trabalho. A contração muscular produz calor, e o movimento é um mecanismo muito útil de aquecimento corporal. Depois de exercitar os cavalos, é importante ajudar na dissipação do calor, para que a temperatura corporal retorne à normal e, com isso, prevenir problemas relacionados ao superaquecimento.
Existem 4 métodos primários de transferência de calor do corpo do cavalo para o ambiente: Radiação, Condução, Convecção (ou Propagação) e Evaporação (esse é o mais eficiente, através do suor). A evaporação através do suor pode ser menos eficaz em dias muito úmidos, independentemente da temperatura.
Em condições climáticas normais, um cavalo de 500 kg, realizando trabalho moderado de trote e galope, perde, em média, de 5 a 7 litros de suor (e entre 50 a 70 gramas de eletrólitos, principalmente, cloreto de sódio, cálcio, potássio e magnésio). O mesmo cavalo, com o mesmo esforço, mas em dias de muito calor e alta umidade, pode perder de 10 a 12 litros de suor por hora.
O suor do cavalo é considerado hipertônico, o que significa que há mais eletrólitos presentes no suor do que nos demais fluidos corporais. No suor dos humanos ocorre o contrário, o suor é hipotônico, ou seja, os eletrólitos ficam em maior concentração nos fluidos corporais do que é perdido com a transpiração. Por isso, as estratégias de reidratação são bem distintas.
Seguem algumas dicas para evitar o superaquecimento dos cavalos, que podem resultar em queda de performance, “tying up” ou rabdomiólise e predispor a outros problemas musculoesqueléticos e sistêmicos.
✅ 1. Evitar trabalhar os cavalos nas horas mais quentes do dia.
✅ 2. Fazer exercícios intervalados, ou seja, após estímulo intenso, caminhar por alguns segundos (ou minutos) para breve recuperação antes do próximo estímulo.
✅ 3. Caminhar ao passo após exercícios, por, no mínimo, 10 minutos. Observar se o ritmo respiratório se normaliza após esse período e, caso ainda esteja ofegante, caminhar por mais alguns minutos, até recuperação total. Se possível, caminhar na sombra, para evitar a radiação solar direta, após o fim do treino.
✅ 4. Oferecer água aos animais. Sim, um cavalo quente pode tomar água, desde que não esteja extremamente gelada.
✅ 5. As duchas nos cavalos devem ser direcionadas aos locais com grandes vasos sanguíneos: na base do pescoço, entre os membros anteriores e posteriores e na porção interna dos membros, para que, desaquecendo as regiões de grandes vasos, diminua mais rapidamente a temperatura corporal. Evite direcionar a ducha de água para a região do dorso e da garupa, para evitar contraturas musculares.
✅ 6. Importante, após a ducha, retirar o excesso de água do animal, para que essa água não esquente e se comporte como bloqueio para redução da temperatura.
✅ 7. Em condições normais de treinamento de rotina, animais que recebem feno, concentrado de boa qualidade e suplementados com sal mineral, já recebem na dieta os eletrólitos suficientes para repor as perdas que venham a ter através do suor. Bisnagas de eletrolíticos podem ajudar a repor os eletrólitos em dias de treinamento muito extenuante, ou em dias muito quentes e úmidos. Elas devem ser administradas de 1 a 2 horas antes do trabalho e de 2 a 3 horas depois dos treinos.
🌟 Atenção! Cavalos que recebem suplementação com eletrolíticos devem ter acesso livre a água potável, já que a sede pode ser estimulada. Restringir o consumo de água poderá levar os animais a desidratação e possíveis comprometimentos intestinais.