18/02/2021
O problema de resgatar animais é que é bom demais. Porque nunca nenhum é resgatado de um final feliz. Sabemos de onde vêm. Sabemos como nos chegaram às mãos - estragados, partidos, sem confiança nenhuma nesta raça maldita chamada humanidade. Chegam a tremer. Desconfiados. Precisam de conforto e protecção. E nós damos, a pedir desculpa por uma raça inteira chamada humanidade. Levamo-los para o sofá. Acendemos a lareira. Deixamo-los ouvir o nosso coração bater - para saberem que não somos só xutos e pontapés - também temos coração. E depois, muito rapidamente, eles acreditam. Dependem. Enroscam-se. Suspiram. E cinco minutos passados, virou-se o jogo do avesso e são eles que nos aquecem a nós. Que nos dão lambidelas. Exemplos de solidariedade. Calor. Apoio. Alegria. Matilha e família. Protecção. E um amor incondicional que tantas tantas mas tantas vezes falhamos em encontrar na nossa própria espécie. Quem escolhe este caminho sabe bem que não somos nós que os salvamos, são eles que nos resgatam as 21 gramas dessa coisa chamada alma que ainda ninguém sabe muito bem o que significa mas que, com eles, faz sentido e parece possível termos. O problema de quem anda nisto é que cada "rafeiro" se torna família mas não podemos tê-los todos em casa. E a questão dos dias de hoje, de facto, não é se o "rafeiro" está à altura de quem o quer, mas se quem o quer está à altura do "rafeiro". Se tem condições. Se tem tempo. Se tem coração. E alma. Se é, de facto, HUMANO. Por isso é que o projecto Renegade só pode dizer "one stray at a time" (só temos temos o que é preciso para tal). Porque a Maze dormirá à lareira até saber que temos coração. Será parte da matilha até encontrar a sua, a condizer, porque não existem "patinhos feios", só cisnes deslocados. Procuramos famílias de cisnes para os nossos "rafeiros". Don't buy - stray.