No passado dia 16 de Abril 2011, a Riscadinha , após o regresso do pasto por terrenos habituais, começou apresentar sintomas de doença, inerte, apática, sem forças para caminhar e sem apetite para comer. Ao prognosticar esta situação anómala, reparei que as folhas das silvas na beira da estrada se apresentavam trucidas, murchas e as ervas amareladas, sintomáticas de adição de herbicida, o que imed
iatamente associei o estado débil do animal à ingestão deste veneno. De facto, a Riscadinha esteve muito doente, e pior que a doença foi o sofrimento em que o animal ficou prostrado durante vários dias por envenenamento de herbicida, colocado na berma das estradas da aldeia de Adcasal, freguesia de (CELAVISA). Esta malignidade foi colocada por vários caminhos em volta da aldeia, até à frente do coral da Riscadinha, trilhos estes que servem a passagem de gado, outros animais e até crianças quando brincam. De quem é a consciência das mãos deste envenenamento, gente sem escrúpulos,
sem dignidade,
sem carácter
e sem responsabilidade das consequências futuras. Durante séculos esta Serra teve os caminhos limpos sem uma única gota de herbicida. Mata-nos a nós também ao se infiltrar e entrar nos lençóis freáticos da água que ingerimos. Desde de sábado (16 de Abril), durante toda a tarde foi ministrado antiveneno, de 30 em 30 minutos à Riscadinha mediante a prescrição da Dr.ª Sofia Gresão, tendo melhorado um pouco, e no domingo pensei já estar a salvo, embora continuando com os tratamentos. Contudo, terça-feira, a Riscadinha piorou de repente, e nem o antiveneno em três variedades diferentes, que fui buscar à Clínica do Dr. Modibo Mangara, a Oliveira do Hospital, foram suficientes para lhe resgatar a vida. Quarta-feira, dia 20 de Abril, pela manhã, a Riscadinha já se encontrava bastante mal, metia dó, só mesmo que gosta de animais é que sabe ou entende o que eu me estou a referir. Quando regressei do trabalho, pelas 18 horas, já se encontrava cadáver, mas ainda estava quente...
Ao seu lado estavam as companheiras, que a viram respirar até ao último segundo da sua vida, mas o que mais me impressionou, foi a sua cria que deitava lágrimas como um ser HUMANO. Apesar da modernidade, os animais continuam a manifestar afectos aos quais nós humanos nos distanciamos cada vez mais. Francisco de Assis que tratava os animais todos por irmãos, é exemplo do catecismo ou da consciência de uma sociedade moderna. Já alguém o referiu, “ a civilização e a cidadania de uma sociedade, está na forma como esta trata os seus animais”. Pois assim parece, aqui na Serra, estamos a anos de luz do hodiernismo, apesar de cuidarmos das nossas estradas com produtos concebidos pela eficaz inteligência do homem! Matem-se os animais … que a seguir matamo-nos a nós! Não haja dúvida que progredimos imenso, durante estes dois milénios de humanidade!