10/06/2024
Madruga entrou em minha vida em meados de 2012, 2013. Eu realmente não recordo o ano, talvez foi uma forma que meu subconsciente achou de não calcular a idade dele, isso de alguma forma me conforta. Depois que a Vicenza partiu em 2015 Madruga se tornou meu fiel escudeiro, ele foi feito sob medida para mim. Foi o filho que a vida me deu e pensar em sua partida faz minha alma ter calafrios. Porém, eu preciso confessar meus maiores medos, pois estou vendo o tempo dar os seus sinais, um olhinho mais branco, um andar mais cansado, horas inteiras dormindo.
Madruga foi achado na rua, quando o resgatei ele não tinha nenhum pelo, só feridas pelo corpo. Passou dois meses sem olhar para mim de tanto medo tamanho seus traumas gerados pelo ser humano, aos poucos percebi que minha voz o acalmava e foi assim que consegui reestabelecer o brilho em seus olhos. Porém com o passar do tempo comecei a reparar que ele não acordava mais quando eu chegava, que os meus chamados tinham que ser sempre em um tom mais alto, e hoje, mesmo sem eu querer e com o coração apertado eu tenho que aceitar, ele não me ouve mais.
É difícil para mim admitir isso, pois eu sei o quanto minha voz sempre o acalmou e a alegria que ele sentia quando me ouvia gritar: Filhooooo. Os anos vão passando, e junto deles vêm coisas que não gostaríamos de ter que enfrentar. As vezes me pego pensando, por que a perda de um pet dói tanto ? A conexão que experimentamos com nossos animais é tão grande que não conseguimos imaginar a vida sem eles. Eu continuo meu caminho com o Madruga e devagar aprendo a lidar com cada sinal que sua velhice começa a dar. Estou preparada para estar ao lado dele em cada minuto e em cada dificuldade que que aparecer. Ele não me ouve mais, mas ainda me enxerga, e nos meus olhos tenho certeza que sente o amor incondicional que tenho por ele.
E você, tem alguém aí na sua casa dando sinais também ? 🥹