02/02/2018
Barretos-Sp & Região
MONTANDO SEU AQUÁRIO PLANTADO
Autor: Americo Guazzelli e Thiago Tyska
plantado
Foto: Pasquale Bounpane
Montagem do substrato:
Para se ter um aquário plantado é necessário se pensar na base de fixação de suas plantas. A maioria se fixa através de raízes que as prendem ao substrato. Além da sustentação, as raízes têm a função de captar alimentos e esta base também servirá de suplementação à elas, fornecendo os nutrientes que necessitam. Existem várias opções de substratos disponíveis, como estes que seguem:
Húmus de minhoca tratado: É um substrato tão completo quanto polêmico. Sua enorme reserva de nutrientes pode subir para a coluna d’água, tornando-a propícia para o surgimento de algas. Isto pode ser facilmente evitado com o uso de uma camada de substrato neutro acima do fértil, isolando-o, e com trocas parciais de água intensas e constantes, no início da montagem.
Laterita: É uma ótima fonte de ferro para as plantas. É utilizada como parceira do húmus, a famosa “dobradinha”. Também necessita de isolamento, portanto, pode f**ar abaixo da camada de húmus. Pode ser encontra na forma de cascalho ou concentrada.
Substratos Industrializados: Existem no mercado diversas marcas de substratos industrializados. Pode-se obter bons resultados com o uso destes produtos que já vêm prontos para utilização, não necessitando de tratamento, sendo que alguns não necessitam do uso de uma camada inerte. As intruções de cada fabricante devem ser seguidas para utilização destes produtos.
Basalto negro: Substrato utilizado como camada inerte, geralmente de granulometria entre fina e média, de cor preta. Dá um excelente resultado visual e um pouco de trabalho para o plantio e tem uma eficiência mediana como camada isolante.
Cascalho mineiro: Substrato utilizado como camada inerte, pequenos pedriscos arredondados, algumas plantas não enraizam bem nele.
Areia de filtro de piscina: Substrato utilizado como camada inerte, tem granulometria fina, média e grossa. A ideal é a média. Excelente como camada isolante. Também apresenta a vantagem de não carregar o lay out, por ter cor clara. A primeira impressão que se tem é que seria difícil sifonar os detritos do substrato sem que a areia também o seja, mas, com cuidado, pode-se executar essa operação sem problemas. É encontrado em lojas de artigos para piscinas por um preço bem acessível.
Iluminação:
Em um aquário plantado deve-se oferecer às plantas uma quantia suficiente de luz para que possam realizar a fotossíntese. Pode-se utilizar de 0,5 a 1 watt por litro de água, conforme a necessidade de cada tipo de planta eleita para compor o lay out. Temos no mercado muitos tipos de lâmpadas disponíveis, porém, nem todas são ideais para o bom desenvolvimento de plantas. As mais indicadas são as que possuem temperatura de cor entre 5000K e 15000K, sendo que as mais baixas incentivam o crescimento vertical e as mais altas o horizontal. O ideal seria mesclar essas lâmpadas.
Lâmpadas Fluorescentes tubulares: Ótimo custo/benefício, porém, têm baixa duração. Existem variações de 2000K a 20000K, não são indicadas para aquários com mais de 50cm de altura.
Lâmpadas Fluorescentes Compactas: Assim como a lâmpada fluorescente tubular também tem ótimo custo benefício e tem a vantagem de não necessitar de reatores, geralmente se econtra lâmpadas compactas com 6500K, temperatura de cor ótima para aquário. Assim como as tubulares, não é indicada para aquários com mais de 50cm de altura.
HQI: Lâmpada excelente para aquários plantados, porém é um sistema que necessita de um investimento alto e tem um signif**ativo consumo de energia elétrica. Esta lâmpada é indicada para aquários com mais de 50 cm de altura, devido ao seu poder de penetração. Existem variações de 2000K a 20000K.
Injeção de CO2:
É importante lembrar que as plantas necessitam da troca de carbono em forma de CO2 para f**arem saudáveis em um ambiente fechado. Tais gases são obtidos por meio da atmosfera e respiração dos animais no aquário, porém, estas são fontes insuficientes de carbono. Neste caso o aquarista precisa entrar com a injeção de CO2 que pode ser feita a partir de fórmulas caseiras, misturas compradas em lojas, cilindros e por meios eletrônicos. Neste último o carbono resultante da quebra do carvão que há no refil do aparelho e é injetado na água. Resta ao aquarista escolher o que é mais apropriado ao seu projeto.
Fertilizantes Suplementares:
Após um certo período no aquário, o substrato utilizado apresenta desgaste e neste momento é necessário que as necessidades das plantas sejam supridas com fertilização adicional, seja na forma líquida ou tabletes. Na primeira forma, a líquida, utiliza-se o fertilizante conforme instruções do fabricante, já os tabletes são enterrados no substrato em locais onde há plantas com mal desenvolvimento.
Filtragem:
Ao plantarmos um aquário, já estamos inserindo um filtro natural, que são as plantas, porém, se quisermos ter um ambiente limpo e propício aos peixes, precisamos manter uma filtragem como é feita em outros aquários com mídias mecânicas e biológicas.
Não se deve manter uma filtragem que cause muita movimentação da água pois isto acabaria dispersando o CO2, transformando o aquário em um ambiente propício a algas.
No filtro também há a filtragem química que muito raramente é utilizada em um aquário plantado.
Desenvolvimento do aquário plantado:
Equilíbrio: O aquário plantado é composto por diversos itens que, unidos, propiciam um bom ambiente para o desenvolvimento das plantas. Para tanto, é necessário que haja uma harmonia entre eles, pois é o equilíbrio que garante o sucesso de nossos projetos. As plantas necessitam de nutrientes para se desenvolverem e, para isso, utilizam o CO² para sintetizar os mesmos, o que só ocorre na presença de luz. Portanto, precisamos alcançar o equilíbrio através da dosagem correta de nutrientes, CO² e iluminação em conformidade com o número de plantas no aquário. Não devemos oferecer nem a mais, nem a menos, qualquer um deles.
Período crítico: Todos os aquários plantados atravessam períodos críticos, nos quais estão mais propensos ao desequilíbrio que pode gerar problemas e muita dor de cabeça. São fases em que as plantas não estão em pleno desenvolvimento e os nutrientes não são totalmente consumidos, sobrando para as indesejáveis algas. Isto ocorre no início da montagem, quando ainda não temos o aqua totalmente plantado e as plantas ainda não se adaptaram ao novo ambiente e, também, no período pós podas, quando as plantas dão uma pequena estacionada.
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Podas:
Após um período todo aquário de plantas necessita de formas, com elas é possível modelar o layout, já previamente pensado. Para podar as plantas temos de levar em consideração a formação da planta a ser podada como a seguir:
Plantas de caule mole devem ser cortadas em qualquer ponto acima dos nós das folhas tomando o cuidado de deixar planta o suficiente para se recuperar após a poda, pode-se replantar a parte podada da planta para adquirir uma planta nova. Exemplos: Glossos, Ludwigias, Rotalas, etc…
Plantas de roseta devem ser cortadas apenas as folhas velhas que não rebrotam se replantadas. Exemplos: Blyxa, Echinodorus, aponogeton, etc…
Musgos devem apenas ser separados, cada esporo gera uma nova planta, plantas como utricularias, na maioria das vezes também obtêm-se resultado sendo podadas desta forma.
Objetos de decoração:
Em um layout sempre pensamos em utilizar materiais como troncos e rochas e são necessários os mesmos cuidados que devemos ter com aquários sem plantas. Observe se o objeto inserido não altera a química da água e não contém substâncias das quais possa liberar fertilização ocasional para a coluna d’água, como nos casos de pedras com resquícios de barro e troncos com madeira podre.
Algas:
Se existe algo que nos deixe com dores de cabeça quando estamos mantendo um aquário plantado, isso se chama algas. Elas prejudicam a montagem, espalhando-se por plantas, vidros, elementos decorativos e até mesmo “colorindo” a água. É claro que nem todo surto de algas são motivos para desespero, visto que podemos manter o controle sobre as mesmas, restabelecendo a harmonia.
Mas, por que elas surgem repentinamente? Na maioria dos casos é devido ao desequilíbrio, quando elas aproveitam melhor as condições do aquário que as plantas. Podemos dizer que as plantas são estruturas bem complexas, enquanto que as algas são simples e acabam invadindo o aqua, surtos, rapidamente, porém, perdem fácil a competição com as plantas, se estas estiverem em pleno desenvolvimento.
São vários os fatores que desencadeiam surtos de algas em nossos aquas. É preciso haver um equilíbrio para que tudo fique sobre controle. Pode ser excesso de iluminação, como sol indireto deixando a água verde, baixo nível de CO² induzindo surto de petecas, pico de amônia, entre outros.
Se não fornecemos todos os elementos para o bom desenvolvimento das plantas, estas podem perder a competição com as algas. Mesmo quando achamos que está tudo correto pode surgir um foco de algas, pois a falta de um elemento nutricional essencial para as plantas, ou que esteja abaixo do nível necessário, só pode ser notada através de te**es e, enquanto não identif**ada e corrigida, pode diminuir a velocidade de desenvolvimento das plantas ou estagná-las.
Para mantermos um aqua plantado com o mínimo de dor de cabeça, precisamos atentar para alguns detalhes:
– população compatível
– filtragem suficiente
– nutrientes
– boa quantidade de plantas
– Nível ce CO² ok.
– iluminação adequada
– manutenção periódica (TPAs, limpeza de filtros e vidros, sifonagem, etc.).
Conclusão:
Ter um aquário plantado não é tão trabalhoso como dizem, apesar de todos os conceitos e cuidados que são difundidos entre os aquapaisagistas. O aquário plantado requer apenas dedicação, planejamento e atenção ao ambiente criado, evitando assim, futuros problemas. Se existirem dúvidas no decorrer do trabalho, siga sempre os mais experientes, que já possuem trabalhos com bons resultados, pois a prática acaba superando toda teorização.
Boa sorte com seus projetos!