07/12/2013
É a raça eqüina mais antiga do planeta, tem sua origem nos reprodutores selvagens dos desertos da arábia descritos na Bíblia datados de aproximadamente 2.000 anos e com isso participou da seleção e formação de todas as outras raças equinas consideradas modernas.
Teve uma seleção natural muito rígida, pois foi selecionada no deserto pelos impérios militares Caldeus, Persas, Hititas e Assírios, com as frequentes tentativas de expansão de territórios, entravam em lutas frequentes com os Beduínos.
Com a decadência destes impérios militares, estes cavalos foram capturados pelos beduínos, que necessitavam de um cavalo com muita resistência, rusticidade, inteligência e docilidade.
Resistência: os beduínos eram nômades, portanto percorriam grandes distâncias e até guerreavam em um terreno que exigia muito da condição física ( força, rapidez e resistência ) dos animais.
Rusticidade: o deserto não oferecia alimentação e nem água em abundância, além disto a temperatura é muito elevada durante o dia e cai vertiginosamente à noite.
Inteligência: os beduínos estavam em constantes guerras e invasões de tribos inimigas, portanto não havia tempo disponível para um treinamento muito longo dos animais.
Somente para ilustrar contarei uma estória / lenda sobre a inteligência do cavalo árabe:
Existiu um sheik que possuia aproximadamente 200 matrizes. Este sheik resolveu fazer uma experiência, condicionou estas matrizes a retornarem para as baias toda as vezes que as trombetas fossem tocadas, porém um certo dia o sheik resolveu não soltar as matrizes como de costume. Deixou estas matrizes presas por 5 dias aproximadamente sem tomar água, no 6º dia o sheik ordenou que as matrizes fossem soltas para irem beber água no riacho que existia nos fundos do haras, quando todas as matrizes estavam no meio do caminho novamente o sheik ordenou que tocassem as trombetas e somente 20 matrizes retornaram como de costume, então o sheik descartou todas as outras matrizes e iniciou uma nova criação somente com as 20 matrizes que haviam obedecido ao comando de retornar quando do toque das trombetas.
Docilidade: como já salientamos a temperatura no deserto cai vertiginosamente à noite, com isso os Beduínos precisavam proteger as suas montarias do frio e vento, resolveram o problema reservando uma parte das suas tendas, junto com as suas esposas, filhos e ele próprio, para os animais.
Foi assim que o cavalo árabe atravessou todos estes obstáculos e chegou até o animal moderno que existe hoje, em todo o mundo.
Encontramo-nos muitos séculos atrás, no deserto das Arábias, onde a variação de temperatura durante as vinte e quatro horas do dia tem como pontos máximos o calor do sol, que pode chegar a 50 graus, e o frio causticante da noite que vai aos 5 graus negativos. O vento é impiedoso e carrega as areias, ameaçando com a falta de água e pouco alimento. Os clãs preservam seus territórios, suas mulheres, seus filhos e seus animais. Dentre esses últimos, o mais importante é o cavalo, pois é este que vai ser responsável pelo transporte através das dunas de areias até os locais seguros, com vegetação e água. É também o cavalo que servirá como arma de guerra, já que a lei entre os homens é a de sobreviver a qualquer custo e as guerras entre diferentes tribos de beduínos são freqüentemente praticadas para se obter o melhor local de moradia. O cavalo deve ser veloz, inteligente e resistir ao tempo inclemente. Para o beduíno, ele se torna um tesouro inestimável e divide com as famílias, as tendas que as abrigam. É ele que, muitas vezes, alertará as sentinelas de um ataque iminente. A seleção é feita naturalmente: aqueles que não se adaptam são descartados. É nessas situações adversas que o cavalo Árabe torna-se extremamente resistente e versátil. DISSEMINAÇÃO Se as guerras funcionaram como fator determinante para o aprimoramento da raça, também foram elas e as conquistas que permitiram a disseminação do cavalo Árabe por todo o mundo. Os primeiros contatos dos ocidentais com os cavalos desta raça ocorreram na época das Cruzadas, quando das batalhas religiosas pelo domínio e conversão do mundo Árabe. Durante os confrontos entre os árabes montados em seus cavalos ágeis e leves e os cruzados nas suas montarias lentas e pesadas, os primeiros sempre levavam vantagem, o que fazia com que os guerreiros ocidentais cobiçassem o sangue deste animal. Os governantes de vários outros povos passam a considerar imprescindível ter o cavalo Árabe servindo seus guerreiros, e este é contrabandeado como mercadoria de excepcional valor. Mais tarde, estabelecidas as relações comerciais entre estes povos, o cavalo Árabe é transportado para vários países da Europa, porém nunca deixando de ser considerado um objeto de prestígio. Reis e rainhas eram presenteados com os melhores espécimes. Alguns países se dedicaram à preservação da raça, como o Egito, a Polônia, a Rússia, a Espanha, a Inglaterra e, mais tarde, os Estados Unidos. Essas são as linhagens que perduram até hoje, porém, o sangue do cavalo Árabe também serviu como base para a formação de outras raças mais novas de cavalos, como o puro sangue inglês, o andaluz, o quarto de milha, o anglo-árabe, o morgan, o hanoveriano, o lipizzaner, entre muitos outros.
Os primeiros cavalos da raça Árabe importados para o Brasil aqui chegaram na década de 20, vindos principalmente do Uruguai. Um acompanhamento mais constante e documentado do desenvolvimento da raça entre nós estabeleceu-se oficialmente com a formação da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Árabe em meados dos anos 60, num esforço dos pioneiros e incentivadores da raça. Hoje existe no Brasil o registro de um número de cavalos Árabe próximo a 40.000 e a raça continua a se expandir, sendo considerada uma das melhores do mundo em qualidade. Tal fato se confirma com a numerosa exportação de animais da criação nacional, revertendo um quadro que era de importação até há bem pouco tempo e também com os resultados positivos de premiações obtidos por esses representantes nas exposições no exterior. POTENCIAL Por sua característica de resistência, o cavalo Árabe é ótimo para a realização de enduros, conforme comprovam os resultados das diversas provas efetuadas até hoje em todo o mundo. É raçador por excelência. Sua velocidade e forma compacta o tornam extremamente competitivo nas provas de tambor e baliza, bem como no hipismo rural. Sua inteligência e percepção, aliadas aos seus outros dotes, o tornam apto para o trabalho com trilhas, laço e apartação. Embora não muito frequente no Brasil, é também utilizado no exterior para o dressage (adestramento) e o hunter pleasure.