12/12/2023
Fim de ano é sempre um momento muito reflexivo. Esse ano não foi diferente. Voltei a entrar em uma internação veterinária de felinos depois de muitos anos afastada da profissão. Dessa vez com o meu gato, o Lucky.
O meu coração ficou feliz em estar ali, mas ao mesmo tempo triste, pois me fez relembrar o motivo da minha decisão de mudar de profissão: fadiga por compaixão.
Uma profissão tão linda e nobre, mas que envolve um amor e uma entrega imensurável por parte dos veterinários, que os faz adoecer.
Ontem o Lucky foi internado, descompensou. Imediatamente lembrei de uma amiga e colega especialista em felinos que conheci logo que me formei em 2010, ela também iniciava na profissão. Após acertamos tudo com o veterinário que passaria a noite com o Lucky, fomos comer uma pizza juntas.
Conversamos tanto, foi bom falar. Vejo como o ambiente de atendimento dela cresceu e os gatinhos estão muito bem assistidos. Ao mesmo tempo, despertou em mim a vontade de ensinar algumas coisas pra nossa classe, que se aprofunda tanto na parte técnica e sofre absurdamente na gestão das clínicas.
Não somos ensinados a empreender. Não somos ensinados sobre inteligência emocional. Nosso sentimento pelos animais sempre esteve em primeiro lugar e por isso muitos vets acabam inclusive se suicidando. Somos a única profissão autorizada à eutanásia. Já pensou o peso disso?
Será que existe uma forma de equilibrar tudo? Como manter o veterinário motivado com a profissão mediante tantos desafios???
Será que eu poderia ter mudado a minha decisão de abandonar minha carreira caso alguém tivesse me ensinado tudo que aprendi nesse período afastada?
Na época, eu escolhi minha saúde mental e física, pois tive um burnout em função da sobrecarga.
Sim, estou reflexiva sobre isso desde ontem. Pedi a Deus que falasse comigo. Será que ele falou? Desde 2020 não publicava nada aqui, a página inclusive estava para ser excluída.
Enfim, senti em meu coração que precisava disso hoje. Fique com Deus e torça pelo Lulu ❤️