Sabemos que a pele de cães atópicos possuem clássicos defeitos de barreira cutânea. Isto significa que a pele tem dificuldades de manter-se hidratada, com falhas nos mecanismos naturais de hidratação entre um uma célula e outra. Em outras palavras, é como se fosse a parede de uma casa com reboco e argamassa mal feitos, não havendo uma perfeita impermeabilização e união entre os tijolos, permitindo a entrada de chuva e umidade. No caso da pele, estas “frestas” (falhas de hidratação/união) permitem a entrada de alérgenos (pólens, ácaros de poeira, microorganismos) que disparam crises de coceira.
Assim, a secagem em excesso nos cães com dermatite atópica é contraindicada, pois acentua o ressecamento da pele, além do calor aumentar a inflamação local. Por este motivo é que muitos cães voltam para casa se coçando após o banho.
Como evitar isto: cães alérgicos precisam usar shampoos e condicionadores hidratantes, receber massagens suaves durante o banho e evitar temperaturas altas (da água e do secador). Eu sempre peço para conversar com a equipe do pet para secar em temperatura mais fria possível (se for no inverno eu peço para secar em temperaturas mornas).
De que adianta tomar um antialérgico e dormir em cima de um sofá cheio de mofo e ácaros?
É por este motivo que eu sempre digo que o controle ambiental é tão importante quanto os medicamentos que o paciente usa para o tratamento de Dermatite Atópica!
No vídeo eu comento 4 dicas boas e eficientes para evitar ou diminuir crises:
1) Mantenha a casa livre de poeira usando aspiradores diariamente. Eu sugiro aspirar o piso, tapetes e sofás com um equipamento que contenha o filtro HEPA (mais eficiente na retenção de ácaros). Cortinas devem ser lavadas seguidamente!
2) Higienize estofados regularmente! Aqui em casa ficamos impressionados com o mofo que ficou de um ano para o outro (não dava para enxergar!) e com tudo que saiu com a limpeza profunda. E o sofá parecia bem limpinho!! Além disso, se existe um local que os ácaros gostam, são os estofados. Existem empresas especializadas nisto e aqui chamamos a @whitecleanpoaoficial e ficamos bem satisfeitos.
3) Evite caminhas que juntam poeira/mofo! Prefira as que são de material impermeável (fácil limpeza e não entra ácaro na espuma). Se necessário, use cobertinhas que devem ser lavadas no mínimo 2x por semana.
4) Sprays acaricidas: Podem ser úteis para aplicar no ambiente em áreas difíceis de aspirar ou lavar. O ADF Plus da Allergoshop é uma sugestão (usar conforme indicação do fabricante).
E você, tem mais uma dica pra somar nesta lista? conta aqui nos comentários!
Acesse @dermato.logica ou meu feed para mais informações! Ajude a divulgar🙏
Quem me conhece sabe que eu estou sempre em constante busca pela evolução pessoal e profissional, e uma das coisas que mais gosto do atendimento é a possibilidade de escutar os meus clientes e aprender com eles. Hoje, durante o atendimento, o cliente me falou sobre “Economia emocional” e eu achei muito interessante compartilhar com vocês. Não é só a coceira: é o conjunto (“Precisamos enxergar a floresta e não a árvore”). Ouvir isto dele foi ter a certeza que eu atingi o meu propósito: Ajudar os animais e suas famílias a serem mais felizes por meio da dermatologia.
Otite é uma coisa e problema de pele é outra? não! Uma das maiores dúvidas que vejo no meu consultório é exatamente esta, e observo que a maioria dos clientes não sabia que as dermatites e as otites normalmente estão associadas com a mesma raiz do problema. Isto acontece porque a orelha é, anatomicamente, uma dobra de PELE. Desta forma, as doenças que acontecem na pele do corpo também podem acontecer na pele das orelhas. O maior exemplo disto é a dermatite atópica canina, que tem como um sinal clássico o desenvolvimento de inflamações na pele da orelha (otite). Por este motivo, e ao contrário do que acontece na medicina humana (onde temos a otorrinolaringologia como especialidade que trabalha com orelhas), o médico veterinário que está mais atualizado para trabalhar com doenças de orelhas é aquele especializado em dermatologia. É um assunto apaixonante que requer muito estudo e dedicação, mas ver um animal retomando sua qualidade de vida após um tratamento bem feito é algo inestimável!
Neste final de semana viajei até Santo Ângelo para cumprir a missão ministrar o módulo de doenças parasitárias e infecciosas do @dermatovetcursos para uma turma super interessada em dermatologia veterinária. Foi tudo lindo e ainda aproveitamos para dar uma turistada nas reduções. Durante as aulas resolvemos casos clínicos dos alunos que vieram cheios de dúvidas e ainda tivemos aula prática onde conseguimos consolidar os aprendizados teóricos do dia anterior.
Muito obrigado pela confiança @dermatovetcursos e parabéns a toda equipe pela organização! Espero ter contribuído na paixão pela dermatologia em cada um dos alunos 🙏
Crise em dose dupla 😱
A dermatite atópica possui alguns pilares importantes, como fatores imunológicos, alimentares e ambientais. Estes, dentro de sua individualidade, podem atuar como gatilhos disparadores de crises, e o fator ambiental aparece especialmente nas trocas de estação ou momentos de clima intenso. Para deixar mais didático: o meu número de atendimentos na primavera e verão as vezes chega a ser o dobro do número de atendimentos do inverno. Coincidência ou fatores climáticos? 😉
Enxergar o que está além do paciente é o que nos leva aos melhores resultados 👊 isto permite identificação e correção dos detalhes e um tratamento totalmente individualizado.
A citologia cutânea é um método excelente para auxiliar no diagnóstico de dermatofitose. Confiável, prático e rápido, este exame vem aos poucos se consolidando na rotina clínica como indispensável, e ainda permite descartar outros diagnósticos diferenciais (ex: doenças bacterianas) quando há a presença de lesões sugestivas. A meu ver, a coleta com a fita adesiva é a melhor opção para adquirir material para análise, especialmente para lesões secas e descamativas.
Este material foi coletado de maneira indolor e prática pela @bweymar da @petland_pelotascentro e encaminhado para análise (obrigado!), e já permitiu a primeira tomada de decisões terapêuticas enquanto aguarda a cultura fungica.
Lembrando: Quanto maior a associação de exames para o diagnóstico, melhor (tricograma + citologia + cultura fúngica + lâmpada de wood + - histopatologia), visto que pode existir falso negativo e positivo (este último no caso da lâmpada de wood) e a soma de exames diminui a probabilidade de erros.
Quem você acha que tem mais chances de desenvolver bronquite?
1) uma criança que vive sempre dentro de um apartamento brincando em um carpete ou
2) uma criança que vive jogando bola de pés descalços na rua de chão batido?
Nos últimos anos a ciência tem procurado elucidar o papel da microbiota no desenvolvimento e patogenia da dermatite atópica, tanto em pessoas, quanto em animais. Evidências indicam que quanto mais plural (diversa) a microbiota cutânea (comunidade de microorganismos que vivem sobre a pele), menos inflamada a pele do paciente é. E vice-versa.
Isso acontece porque bactérias boas conversam com o sistema imunológico induzindo uma resposta mais tolerante frente a desafios alergênicos (ex: poeira e pólen).
Não crie seu animal "dentro de uma bolha". A maior prova de amor que você pode dar a ele é entender e respeitar que seu animal é um animal.
Durante o exame clínico desta paciente detectei a presença de um acúmulo de cerúmen dentro da orelha. Nestes casos a remoção se faz necessária pois este conteúdo servirá como substrato para multiplicação de microorganismos, favorecendo quadros de otite. A provável causa foi o uso de algodões para evitar entrada de água no banho (que só serve para empurrar a cera lá pra dentro).
Mesmo após tentativas de remoção por meio de ceruminolítico (um tipo de limpador de orelhas), não obtivemos resultados positivos. Nos restou a tentativa de remoção em consultório, com o paciente acordado, ou por meio da Otoendoscopia, com o paciente sedado. Felizmente conseguimos resolver o problema em alguns minutos e a paciente; que é muito calma e permitiu o procedimento, passa bem🙏👊
Não use algodões mas orelhas. Eles só atrapalham. Faça check up dermatológico do seu pet constantemente, ainda que ele esteja bem. A prevenção sempre será o melhor caminho.
Felipe Cunha
Dermatologia Veterinária
CRMV 13750RS
(53)991071204
Sobre o poder de fazer o básico bem feito.
Nas últimas semanas notei que alguns clientes tinham dúvidas sobre como o tratamento para a dermatite atópica seria capaz de controlar os sintomas da doença já que, sabidamente, é uma doença sem cura. Percebi que, por aqui (Instagram), e na vida real, algumas pessoas já até desistiram de tratar "porque me disseram que é normal da raça". Acostumaram com a coceira e acham que o seu cão também já se acostumou.
Alerto: Se você cuida de um animal atópico, não desista. Eu te entendo. Se coloque no lugar dele mais uma vez e confie na ciência, que tem avançado significativamente para nos auxiliar no alívio da coceira.
Mande este vídeo para aquela família que você acha que está precisando ler e ouvir isso 👊
Felipe Cunha
CRMV 13750 RS
53 991071204
Parabéns a todos os colegas que trabalham nessa área tão bonita e desafiadora da Medicina Veterinária.
Felipe Cunha
CRMV RS 13750
(53) 991071204
Hoje vim aqui contar para vocês esse caso interessante que aconteceu com uma paciente!
Esta paciente felina possuía otites alérgicas de repetição e, em meio aos tratamentos, observamos que ela apresentava o hábito de balançar bastante a cabeça, demonstrando desconforto. Ao realizarmos a otoscopia convencional, nos deparamos com um excesso de cerúmen acumulado em ramo vertical (mais no fundo da orelha) que não conseguimos remover mesmo após diversas tentativas com produtos de limpeza ("ceruminolíticos").
Então, optamos pela otoendoscopia, que nos permitiu a correta visualização da estrutura e remoção, como vocês podem ver no vídeo. Após a remoção do ceruminólito, uma inspeção completa foi realizada nas duas orelhas, e verificamos que ela estava os condutos bastante inflamados (intenso eritema) e pus + perfuração timpânica na orelha do outro lado, refletindo uma otite mais grave (média/interna). Por estas e outras é que amamos a otoendoscopia!
Gostaram?
Felipe Cunha
CRMV RS 13750
(53) 991071204