De repente é dezembro. Veloz como um pulo de gato, mas bem menos gracioso, o ano de 2020 chega ao fim.
Outro dia mesmo era reveillon e eu chateada por estar “presa” dentro de casa, fazendo companhia forçada pros meus gatos que tem pavor de fogos de fogos de artifício.
“Quer fazer o destino rir? Faça um plano.” Entrei em 2020 dizendo pros gatos: vou passar essa noite aqui mas o ano inteiro vou viver o mundo!
E eu descobri que meu mundo é esse aqui. Minha companhia os protegeu do pavor dos fogos lá fora, mas foi a companhia deles que me protegeu de todo medo, de toda loucura, de todo mal fora das nossas paredes ou dentro da minha cabeça.
2020 fez todo mundo se sentir um pouco peixe no aquário, nadando da sala pra cozinha. Um pouco cão, valorizando uma saidinha de 20 minutos pra tomar sol. Um pouco gato, apreciando os movimento suaves do mundo visto pelas janelas. Todo mundo teve prioridade de vida de pet: o importante é o conforto, a segurança e a proteção ao nosso redor.
Entre tentativas frustradas de estudar coisas novas, me exercitar pelo YouTube, jogar adedanha com a família por vídeo e dar banho em pacote de macarrão, a única constância foi o amor dos meus gatos como meu melhor remédio. Foi o ronronar que me acalmou numa vibração de paz, foram as companhias de cochilo ou homeofice, foram as risadas por tanto tempo a mais pra brincar.
Tiramos menos fotos, fizemos menos vídeos, mas brincamos muito mais com os gatos este ano. E com isso eu percebi que cuidar deles é cuidar de mim. Que eu me doou um pouco frente ao quanto eles se doam a mim, muito mais! Percebi que a vida é o que acontece nos minutos de realidade, não são as fotos perfeitas que insistem em fingir que tá tudo bem, mas sim os dias de pijama, remela nos olhos e cara de surtados, nas risadas compartilhadas já que a gente não pode se abraçar e chorar todo mundo junto.
Escrevo esse texto sem nenhum romantismo com a pandemia,