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Nu veste versace Coisas de interesse duvidoso. Debulhadora da vips. Portugal e o Mundo. Actualidade. Escrito por Rob

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Nu Veste Versace - Roberto Gamito

(Em construção) O homem e a página.

Roberto Gamito, actual inimigo do universo, foi encontrado numa caixa de nuggets. Um dia negro para o mundo dos fritos. Data igualmente reconhecida pelo notário como o nascimento desse espécime raro, falo do Roberto e não dos nuggets sencientes. Momento charneira para quem o encontrou aconchegado entre pepitas panadas, com aqueles olhinhos piscos de quem levou com óleo a ferver nas pupilas com o fito de lhe abrir a pestana. O sujeito, que não quis dar a cara volvidos estes anos, embora tenha oferecido o corpo a um preço bem convidativo, adoptou, após esse evento traumático, que é descortinar um Roberto Gamito no seio do nosso pitéu, um estilo de vida mais saudável, tornando-se assim um predador de brócolos. Escusado será mencionar que as verduras detestam-me.

Gamito, como é apelidado pelos amigos, conhecidos, ou até pelo próprio, quando se enfrenta ao espelho num campeonato de cabeçadas, enquanto a avó, armada em poetisa marginal, optou por apodá-lo com a perífrase “moço sem jeito nenhum”. Os antigos amigos que ousaram chamar-lhe Eduardo foram sendo, aos poucos, banidos do círculo da amizade. Não cá há lugar para incongruências deste tipo na vida do Roberto. Todas as outras podem entrar, sem problema nenhum.

Notabilizou-se como um dos mais apaixonados parvos e um dos mais activos papalvos que o mundo conheceu no século XX; dando provas suficientes, no dealbar deste século, que não ficará por aí. Há quem sussurre, temendo ser ouvido por rivais, apostando as fichas todas, que ficará como uma das figuras de proa do século XXI no que concerne ao fracasso. Quem sou eu para discordar? Roberto Gamito. Aliás, estou, bem vistas as coisas, numa posição privilegiada para discordar; porém, se a vida me ensinou alguma coisa, foi que argumentar surripia-nos bastante energia. Vou guardá-la para fins mais lucrativos, tais como visionamentos de ocasos e captura de borboletas imaginárias. Despertou para a vida quando estava prestes a contabilizar três décadas no lombo, para o colorido que é o absurdo de estar vivo e ter pouco ou nada de interessante a dizer. Especializou-se na queda quotidiana, caindo aqui e ali, qual bailarina contemporânea, apesar de que, ao contrário destas, tombava sem qualquer dignidade artística. Com um percurso intensamente trágico, baleado assiduamente por balas oriundas da ficção, foi perseguido ao mesmo tempo que era ignorado. Uma espécie de pessoa que oscilava entre a celebridade e o leproso. Roberto foi, durante os últimos anos do século XX, o principal anónimo do banco usado pelos mais promissores falhados da sua escola. Esse terá sido, segundo os historiadores do futuro, o seu auge. Em criança sonhara ser mágico, pois imaginara que comprar comida deixaria de ser um problema, a cartola seria a sua despensa. E além disso via com entusiasmo a ideia de passar uma tarde a sacar lenços das mangas, esse era, sei-o de fonte segura, o seu plano de vida. Metamorfoseou-se, ignoramos quando, não mo quis confessar, o Roberto carece de confiança no Gamito, no ponta-de-lança da galhofa. Era uma explosão contínua de chalaças, independentemente do tema que surgisse à baila. Demolia o mundo sem contemplações. O som das explosões, o das primeiras mágoas, fora, assim, substituído pelo das gargalhadas. O mundo, esse, permanecia, como garantem os grandes, imune à destruição pronunciada pela comédia. Fintando o desespero a que estava condenado, Roberto Gamito transformou-se no sumo pontífice do humor, di-lo-ão os críticos do futuro, não por ser verdade, mas por cometerem a ousadia de citar esta lasca de prosa.