20/03/2023
Demorei até conseguir escrever este post.
Mas uma homenagem a um dos cães mais importantes da minha vida é obrigatória.
Partiu o Darwin, o nosso Darling Darwin. Um dos nossos, não mais nem menos que um dos nossos cães.
Talvez não esteja a ser honesta, era mais que um dos nossos, porque o Darwin era ( é e será ) muito mais que apenas um cão.
O Darwin é o cão de uma grande amiga, daquelas amigas da altura da faculdade que f**a, mesmo com as chatices e a vida a acontecer, f**a ela e o cão dela que conheci tinha ele uns 8 meses.
Lembro como se fosse HOJE. Uma bola de pêlo branca gigante a correr no “corredor” da cozinha a não passar muito cartão a nenhuma das mil miúdas que tinham ido lá a casa já não sei fazer o quê. Embirrou a ladrar a umas mas até gostou de mim. Suponho que ele já sabia que ia fazer parte da minha história e eu da dele. Ou se calhar foi porque eu cheirava a cão, mas prefiro pensar que havia um motivo oculto, porque a vida é feita destas coisinhas especiais.
Quis também a vida que ele e o Congo se tenham tornado os melhores amigos. Montavam-se um ao outro alternadamente porque há sempre o código da igualdade entre melhores amigos e comiam mil coisas que não deviam, o que tinha a sua piada porque sempre dava para as humanas deles trocarem cromos. Menos piada teve que durante as suas vidas f**avam doentes quase em simultâneo das mesmas aflições, mesmo quando as humanas nem comentavam e só descobriam ao fim de dias que tinham estado ambos doentes por motivos semelhantes.
Ai o Darwin foi tanta parte nossa, o nosso gigante, o sofá quente da Bear, o guarda costas bonacheirão do Gibbon, mas também o meu primeiro paciente enquanto médica veterinária, o nosso compincha dos cães que não se chateavam com ninguém, o nosso modelo XXL, o nosso Darwin. Se o Amor curasse tudo, tinhas vivido para sempre, pequeno grande Darwin.
Tivemos o privilégio de partilhar a nossa vida com ele por quase 13 anos da vida dele ( faria 14 nos próximos meses ), passou férias connosco no Porto, em Torres Vedras, foi à lama, ao rio, à serra e a cascatas e nunca se esqueceu de nos fazer rir, mesmo daquela vez que mergulhou numa poça de lama e se transformou numa estátua de argila ( depois da dona dizer que ele não ligava muito a água )
A partida dele dói muito, tanto que é difícil de escrever isto com as lágrimas de saudade que teimam em cair, mas é também tão mágico perceber a sorte que ele teve na família que escolheu como sua ( e vice versa ) que subiu montanhas de peripécias sempre por ele e para ele. Se eu pudesse dava ( não sei bem a que divindade ) um dedinho do pé para lhe dar mais anos de vida, não podia dar braços nem pernas porque precisava deles para o abraçar e para o ajudar a subir para o sofá e para o Jeep onde ele tanto gostava de passear à janela . Entre aquele dia em que o conheci na cozinha até ao dia em que partiu tranquilamente rodeado de quem mais o amava, existiu tanto, tanto amor envolvido que tenho a certeza que anos a mais não lhe podiam trazer mais felicidade do que a que recebeu.
Ele tinha um hábito maravilhoso que era pegar na própria trela e abanar-se todo quando via alguém de quem gostava ou quando queria ir passear ou voltar para casa.
Querido Darwin toma conta dos teus amigos e dos teus humanos a quem tanta falta fazes e que um dia, quando nos voltarmos a ver, ainda te lembres de mim e me recebas de trela na boca meu ursinho, lá não te dou mais picas e vou-te dar o que tu quiseres comer porque lá não vão existir alergias a nada e de certeza que haverão muitas poças de lama onde te banhares.
Até lá f**as nas nossas memórias e nos nossos corações, obrigada por não me teres ladrado na tua cozinha ❤