Eu ainda não tinha comido muita coisa naquele o dia, mas naquela hora o que eu precisava mesmo era de um lugar seco e quente para poder descansar. A pracinha da Avenida Kennedy, que era tão alegre e movimentada durante o dia, estava escura e vazia. Um único e solitário poste de sinalização era o que eu tinha no momento... foi ali mesmo que me enrolei e fiquei, tentando dormir para esquecer do frio
e da fome. De repente um farol de carro me iluminou. Olhei curiosa, mas o carro foi embora e eu nem quis correr e latir para eles. Estava realmente cansada. Poucos minutos depois o mesmo carro preto reapareceu. Desta vez parou e de lá saiu um casal de humanos e chegaram muito e muito perto. Olhei desconfiada, mas percebi bondade em seus olhares e tom de voz. Cheirei a mão e acabei por me entregar, afinal o que poderia ser pior do que fome e frio numa noite molhada. Me espreguicei e fui em direção ao carro. Aquele calorzinho seria ótimo para secar meu pelo. Ahhh como era quentinho e aconchegante. Acabei adormecendo ali no banco mesmo. Quando acordei uma moça (que depois eu descobri ser uma veterinária) me olhava atentamente, dizendo que o que eu precisava era de amor e que encontrariam uma família para mim. Eu queria muito dizer. Preciso é de comida, por favor rs rs rs, e acho que entenderam o meu olhar. Um pote de uma comida diferente (que mais tarde eu descobrir se chamar papá) me foi servido. Comi até passar mal (ops). Melhorei e fui com os humanos que me encontraram Cacá e Fernando para casa deles. Surpresa!! Eles tinham gatos! Isso mesmo gatos! E eram três, cada um com uma mania esquisita, nomes esquisitos também para combinar kkkkkk: Sophia, Cisco e Cata kkkkk . Fui ocupando meu espaço sem dar moral pra turma, afinal, quem me convidou foram os donos da casa né? Foram três dias de descoberta e convivência com aquela família.... até que ouvi a Cacá falando ao telefone sobre um lar temporário no Alto da XV...
Eu já tinha algumas coisas: guia, coleira, pote para o papá, pote para água e cobertinha, fiz minhas malas e fui com eles para outra casa sem nenhum... NENHUM bichinho, nem criança... só gente grande mesmo. Uma tia, um tio, uma vovó e até uma bisavó (que chama todo mundo de Maria kkkk), e um mundaréu de primos e primas kkkkk. A pessoa Vovó falava “temporário” prá cá e “temporário” pra lá....
Ora, ora. Isso faz mais de um ano rs rs. Hoje já sou dona da casa. Não sei como eles se viravam antes de mim! Só eu que aviso quando alguém está chegando no prédio, só eu que limpo as migalhas de comida do chão e só eu que cuido da porta para que meus humanos possam me fazer um carinho logo que chegam em casa. Neste tempo descobrimos (ou não) que tenho alergia a proteína da carne e quando como faço uóóóókkkk. Então tem uma tia vet que está cuidando disso pra mim. Meu papá é peixinho e arroz integral e depois que a tia Vet vai me deixar comer ooooutras coisas. Esta página é pra contar um pouquinho de como são as coisas aqui na casa (que meus humanos chamam de Pensão, de tanta gente que tem aqui). Obrigada por ler minha história e por acompanhar minha página!! Beijos e lambidas
Cindy