28/03/2021
DOENÇA DO CARRAPATO
- Doença de verão...mas SEMPRE bom ficar atento 👀
As temperaturas mais altas e a umidade do verão favorecem a reprodução de carrapatos. Com isso, o número de cães contaminados com Erliquiose – a doença do carrapato – também cresce.
Em muitos casos, a doença do carrapato pode ser bastante severa – inclusive fatal. No entanto, o tratamento para ela costuma ser bastante simples.
Abaixo, os profissionais da Digitalvet explicam como prevenir, identificar e tratar este problema.
Transmissão
A Erliquiose – doença do carrapato – é provocada pelas bactérias (Rickettsia) do gênero Erlichia, principalmente a Erlichia canis (um parasita intracelular).
A transmissão se faz pela inoculação do sangue de um cão doente para um cão saudável, através da mordida do carrapato canino marrom comum (Rhipicephalus sanguineus).
Em casos mais raros, a doença também pode ser transmitida aos cães por transfusões sanguíneas. Gatos e inclusive seres humanos também podem ser contaminados.
“A Erliquiose é dividida em três fases: Aguda, Subclínica e crônica. Os cães são infectantes apenas durante a fase aguda da doença, quando existe uma grande quantidade de hemoparasitas no sangue. Já o carrapato pode permanecer infectante por aproximadamente um ano” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
Fases e sintomas da doença
A severidade dos sintomas da doença do carrapato vai depender da suscetibilidade racial, idade do animal, alimentação, de doenças concomitantes e da virulência da cepa infectante.
Após a mordida do carrapato contaminado, a Erlichia entra no organismo do pet, atingindo as células do seu sistema imunológico. Iniciam-se então, as três fases da Erliquiose: aguda, subclínica e crônica.
Fase aguda
Após um período de incubação que dura entre 8 a 20 dias, a bactéria Erlichia passa a se multiplicar em órgãos como o fígado, o baço e os linfonodos. Assim, na fase aguda, pode ocorrer a inflamação destas regiões.
Também durante esse período, as células infectadas são transportadas pelo sangue para outros órgãos do corpo do pet, especialmente pulmões, rins e meninges.
Elas também aderem-se às paredes dos vasos sanguíneos, levando a inflamação e infecção destes tecidos. Em alguns casos, a fase aguda pode durar por vários anos sem provocar sintomas claros e relevantes.
A Fase aguda é caracterizada por hipertermia (39,5 – 41,5 °C), anorexia, perda de peso e de força. Sinais clínicos inespecíficos como febre, corrimento nos olhos, sangramentos no nariz e na urina, uveíte anterior, depressão e diarréia também podem acontecer.
“No geral, os tutores tendem a confundir os sintomas da fase aguda da doença do carrapato com outras doenças e só percebem a gravidade do problema quando ele atinge a fase subclínica” – Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
Fase subclínica
Costuma acontecer após o período de 6 a 9 semanas de incubação, e pode persistir por até 5 anos. Nesta fase, além de anemia, ocorre a diminuição significativa do número de leucócitos (glóbulos brancos) e de plaquetas – células responsáveis pela defesa do organismo e pela coagulação sanguínea respectivamente. Estas alterações podem ser detectadas em exames de hemograma de rotina.
Além disso, alguns estudos mostram que na fase subclínica pode ocorrer a persistência de problemas como hemorragias, edemas nos membros, palidez na mucosa, perda de apetite e depressão.
Na fase subclínica, cães com o sistema imunológico debilitado e sem resistência podem ir à óbito.
“Já alguns cães, com o sistema imunológico mais eficiente, chegam a eliminar o microrganismo durante a fase subclínica. Apesar disso, a forma intracelular da bactéria que causa a doença do carrapato persiste, levando o animal para a fase crônica” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
Fase crônica
Nessa fase, a Erliquiose – doença do carrapato – passa a ter características de uma doença autoimune. Os sinais clínicos costumam ser os mesmos da fase aguda, com maior ou menor intensidade.
Na fase crônica, os cães podem sofrer com perda de peso, maior facilidade à infecções e apatia. Sintomas como tosses, conjuntivite, hemorragias, uveíte, vômitos, depressão, tremores e problemas de pele podem ser identificados. O abdome do pet também pode ficar bastante sensível e dolorido. Pode ocorrer o aumento do baço, do fígado e dos linfonodos. Problemas neurológicos como fraqueza ou paralisia dos membros também podem ser consequência da doença do carrapato.
Diagnóstico
Por conta da multiplicidade de sintomas inespecíficos, o diagnóstico da doença do carrapato geralmente depende de exames clínicos e laboratoriais. Na consulta, o médico veterinário irá perguntar ao tutor sobre a presença de carrapatos no animal e avaliará os sintomas compatíveis com Erliquiose.
Já com o exame de sangue (hemograma), o médico veterinário poderá identificar as alterações provocadas pela doença, como a anemia e a baixa quantidade de plaquetas no sangue. Caso os agentes da doença do carrapato sejam visualizados, o diagnóstico é fechado de maneira definitiva.
O PCR (reação em cadeia da polimerase) também é um método de diagnóstico eficaz.
Tratamento
A doença do carrapato pode ser tratada em qualquer fase e de maneira significativamente simples. O tratamento é feito a partir da administração de antibióticos, que devem ser prescritos exclusivamente pelo médico veterinário. A periodicidade e a quantidade destes medicamentos também devem ser estabelecidas pelo profissional responsável.
De forma geral, o tratamento para a doença do carrapato costuma durar entre 3 a 4 semanas para os cães na fase aguda e até 8 semanas para os animais na fase crônica. Animais em situação grave devem receber atendimento de suporte, como fluidoterapia para corrigir desidratações e transfusões sanguíneas para os cães que sofrem com hemorragias.
“Quanto antes a doença for identificada e o tratamento iniciado, melhor. Os cães que estão no início da doença costumam apresentar melhoras no quadro clínico entre 24 e 48 horas” – Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
“Já nas fase subclínica, o prognóstico é mais reservado. Os cães na fase crônica da doença do carrapato podem ter poucas chances de melhora caso a doença atinja a medula dos ossos” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
Infelizmente, não existe uma vacina para a Erliquiose. A prevenção depende exclusivamente da exposição do seu pet aos carrapatos. Procure:
Verificar a presença de carrapatos regularmente em todo corpo do seu cão;
Utilizar regularmente os produtos acaricidas ambientais e tópicos recomendados pelo seu veterinário;
Desinfetar o ambiente onde o pet vive periodicamente;
Manter a grama do jardim sempre curta;
Evitar o contato do seu cão com animais de origem desconhecida na rua;
Frequentar apenas os hotéis e creches de animais que possuem controle contra carrapatos.
Agradecimento 🙌
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