19/01/2025
Um pequeno resumo sobre nossas Abelhas Sem Ferrão (ASF)
As abelhas sem ferrão, também conhecidas como meliponíneos, são um grupo de abelhas nativas da região tropical e subtropical do mundo, com uma grande diversidade no Brasil, que é o país com maior número de espécies. Elas desempenham papel crucial na polinização de plantas nativas e cultivadas, além de ser um recurso importante para a produção de mel e outros produtos como própolis, cera e geleia real.
Aqui estão os principais tópicos sobre as abelhas sem ferrão no Brasil:
1. Características das Abelhas Sem Ferrão
As abelhas sem ferrão têm algumas características que as distinguem das abelhas com ferrão:
• Tamanho: Elas são geralmente menores que as abelhas com ferrão, com tamanhos variando de 3 a 10 mm.
• Morfologia: Apresentam antenas longas, corpos pilosos que ajudam na coleta de pólen e mel.
• Ausência de ferrão: Como o próprio nome indica, não possuem ferrão para defesa. A defesa do ninho é realizada por um exército de operárias que atacam em grande número, embora sua ação seja menos agressiva comparada às abelhas com ferrão.
• Organização social: Assim como outras abelhas, as meliponíneas possuem uma organização social dividida em rainha, operárias e zangões.
2. Biomas do Brasil
As abelhas sem ferrão estão presentes em diversos biomas brasileiros, incluindo:
• Amazônia: A maior diversidade de espécies está na região Amazônica, especialmente em áreas de floresta densa.
• Cerrado: Um bioma com grande presença dessas abelhas, que se adaptam bem ao clima seco e à vegetação característica.
• Caatinga: As abelhas sem ferrão também são encontradas em regiões semiáridas, como na Caatinga.
• Mata Atlântica: Esse bioma, com rica biodiversidade, também abriga diversas espécies de abelhas sem ferrão.
3. Tipos de Criação
A criação de abelhas sem ferrão pode ser realizada em diversos modelos de colmeias, e é praticada tanto de forma artesanal como comercial. Algumas das espécies mais populares para criação no Brasil incluem:
• Melipona scutellaris (mangangá ou abelha-uruçu)
• Tetragonisca angustula (jatai)
• Melipona fasciculata (mandaguari)
• Frieseomelitta varia (abaçaí)
A criação dessas abelhas pode ser feita em modelos de caixas, que são especialmente desenvolvidas para cada tipo de abelha. As colmeias podem ser feitas de madeira, barro ou outros materiais ecológicos que protejam as abelhas.
4. Modelos de Caixas para Meliponários
Existem diferentes tipos de caixas para criar as abelhas sem ferrão, e a escolha do modelo depende da espécie e do sistema de manejo. Os modelos mais comuns incluem:
• Caixas de madeira: São as mais tradicionais e populares para a criação de abelhas sem ferrão. Elas podem ser feitas em diversas dimensões, dependendo da espécie.
• Caixas de barro: Utilizadas especialmente em áreas rurais e por meliponicultores tradicionais. O barro ajuda a manter a temperatura e a umidade estáveis.
• Caixas racionais: Elas são projetadas para facilitar a extração do mel e o manejo das colônias, com divisórias que permitem a organização das diferentes funções dentro da caixa.
5. Alimentação das Abelhas Sem Ferrão
As abelhas sem ferrão alimentam-se principalmente de:
• Néctar das flores: Como todas as abelhas, elas coletam o néctar das flores para produzir o mel.
• Pólen: Utilizam o pólen para a alimentação das larvas, que é a principal fonte de proteínas.
• Água: Elas também consomem água, especialmente em períodos secos.
Quando criadas em colmeias, é possível suplementar a alimentação das abelhas com soluções de açúcar ou xaropes, especialmente em períodos de escassez de flores.
6. Conservação das Abelhas Sem Ferrão
As abelhas sem ferrão enfrentam diversas ameaças, como:
• Destruição do habitat: O desmatamento e a degradação dos biomas impactam diretamente as populações de meliponíneos.
• Uso de pesticidas: A aplicação indiscriminada de pesticidas nas lavouras pode matar as abelhas.
• Mudanças climáticas: Alterações no clima podem afetar a disponibilidade de flores e a saúde das colônias.
Iniciativas para sua conservação incluem:
• Criação de áreas protegidas: Incentivar a preservação de habitats naturais.
• Meliponicultura sustentável: A criação de abelhas sem ferrão pode ser uma atividade econômica que favorece a conservação, desde que seja feita de maneira sustentável.
• Educação ambiental: A conscientização sobre a importância das abelhas para o ecossistema e para a polinização de plantas alimentícias é crucial.
7. Leis e Regulamentações
No Brasil, a meliponicultura é regulada por algumas normas, especialmente em relação à preservação das espécies e à comercialização dos produtos:
• Lei de Proteção das Abelhas Sem Ferrão: Em 2010, o Estado da Bahia criou uma legislação específica para a proteção das abelhas sem ferrão, que se estende para outras regiões.
• Normas da ANVISA: A comercialização de mel e outros produtos das abelhas sem ferrão deve seguir as regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) quanto à segurança alimentar.
• ICMBio e IBAMA: Existem orientações sobre a preservação das abelhas nativas, que devem ser respeitadas por criadores e apicultores.
8. Produtos das Abelhas Sem Ferrão
As abelhas sem ferrão produzem diversos produtos que têm grande valor comercial e medicinal:
• Mel: É muito apreciado por suas propriedades terapêuticas e por seu sabor único, dependendo da florada.
• Própolis: Tem propriedades antimicrobianas e é utilizado na medicina popular.
• Cera: Usada para fazer cosméticos e em outros produtos artesanais.
• Geleia real: Considerada um alimento altamente nutritivo e com diversas aplicações medicinais.
Conclusão
As abelhas sem ferrão são essenciais para a polinização, o equilíbrio ecológico e para a produção de diversos produtos com valor agregado. A criação e conservação dessas abelhas no Brasil requerem cuidados com o manejo adequado, respeito às regulamentações e políticas ambientais para garantir a preservação das espécies e a sustentabilidade da atividade. O conhecimento sobre esses aspectos tem crescido, e é cada vez mais importante para a preservação da biodiversidade e a manutenção dos serviços ambientais essenciais que elas prestam.
Fonte: Meliponário ARJOFE