30/10/2024
A equitação foi um verdadeiro ponto de virada na minha vida, transformando não apenas a minha relação com o cavalo, mas também minha perspectiva sobre o mundo. Comecei a montar bem jovem, e, como toda iniciante, tinha a ilusão de que já dominava a arte.
Naquela época, acreditava que o cavalo deveria ser controlado, que deveria me obedecer e me servir. Talvez fosse um golpe de sorte que, sendo criança, não tivesse a força para impor essa visão, pois certamente tentaria. Não me entendam mal: sempre amei os cavalos, mas essa era a realidade da minha formação na época.
Com o tempo, fui ficando inquieta e desconfortável. Esse desconforto só cresceu quando comecei a dar aulas, pois percebia que a pureza, a beleza e a generosidade dos cavalos não combinavam com os métodos antigos que eu aplicava — métodos passados de instrutor para instrutor, sem uma verdadeira reflexão sobre o que seria, de fato, o melhor caminho.
Aos 18 anos, tive a chance de conhecer a verdadeira essência da equitação: uma arte de conexão. Foi essa nova abordagem que me ensinou valores e princípios que levo não apenas para minha própria vida, mas também para a vida dos meus alunos e do meu filho.
Aprendi sobre servir, ser fiel, ouvir, ler e respeitar as diferenças. Entre presa e predador, o essencial é sermos empáticos com a natureza de nosso parceiro. A equitação vai muito além de técnicas, posturas e flexionamentos: ela nos revela a grandiosidade do cavalo e o que ele tem a nos ensinar, possibilitando uma comunicação genuína.
Equitação é o idioma mútuo entre cavalo e cavaleiro, um idioma que nos permite falar a mesma língua. E, através dela, somos moldados, e cada um de nós pode ter seu caráter e personalidade lapidados.