22/06/2016
Projeto Jardins da Arara de Lear
Araras-azuis-de-lear reproduzidas no exterior chegam ao Brasil
A arara-azul-de-lear é considerada "em perigo de extinção" (EN) na Lista Oficial do governo
brasileiro da Fauna Ameaçada de Extinção (Portaria MMA nº 444/2014), sendo uma das espécies de
ave mais cobiçadas no tráfico internacional. Atualmente, há aproximadamente 1360 animais
vivendo na Caatinga baiana, local exclusivo de sua distribuição. Apesar do crescimento na
população nativa, o tráfico tem usurpado inúmeros ovos e filhotes para exportação ilegal para a
Europa e outros continentes. Medidas para manejar esta população são urgentes. Está prevista a
soltura de indivíduos para suplementá-la. Para garantir a sobrevivência da espécie no longo prazo,
foi criado, em 2013, um Programa de Cativeiro que maneja os indivíduos cativos como uma única
população, garantindo sua viabilidade demográfica e genética. Vários criadouros e zoológicos
nacionais e internacionais integram o programa e buscam reproduzir a espécie para futuras solturas.
Em setembro de 2015, foi realizada a reunião do Programa de Cativeiro, na Fundação
Parque Zoológico de São Paulo, evento coordenado pelo CEMAVE/ICMBio, com representantes
dos mantenedores e especialistas. A população conta hoje com 133 indivíduos, sendo que somente sete
casais tiveram filhotes. Estes casais estão na Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), em
Lubara Animal Breeding – Al Wabra (no Catar), na Fundação Loro Parque (em Tenerife, Espanha) e
na ACTP (na Alemanha). Aproximadamente, 50% dessa população é nascida em cativeiro, porém
esses indivíduos são filhotes desse pequeno grupo de casais, o que não favorece a variabilidade
genética da população. Outro objetivo importante a ser atingido é a produção de uma segunda
geração nascida em cativeiro. Para melhorar o sucesso reprodutivo do Programa, foram
identificados dois novos mantenedores brasileiros com experiência na reprodução de psitacídeos
(araras, papagaios e periquitos) para receberem estes indivíduos e reproduzi-los: o Parque das Aves,
em Foz do Iguaçu, Paraná, e a Fazenda Cachoeira, criadouro particular em Minas Gerais.
No dia 25 de fevereiro de 2016, ocorreu a maior transferência de indivíduos da espécie já
feita na história: a Fundação Loro Parque enviou ao Brasil nove araras-azuis-de-lear nascidas em
Tenerife, que passaram por um período de quarentena na Estação Quarentenária do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Cananeia, as quais seguiram para o Parque das Aves. Uma delas
foi encaminhada para a Fazenda Cachoeira para esperar o seu par. E não é que o seu par chegou no
dia 14 de junho, um dia depois do dia de Santo Antônio. Essa união tem uma garantia a mais de dar
certo! O seu par chegou na Fazenda Cachoeira juntamente com mais quatro indivíduos, provindos
da Al Wabra. Grande parte deles está em idade reprodutiva e a expectativa é que no ano que vem já
tenhamos a segunda geração de filhotes em cativeiro. Um animal será destinado ao Jardim
Zoológico de Belo Horizonte para parear com outra arara nascida no Loro Parque, e outro deve ir
para a FPZSP, que investiu em um centro específico para a reprodução de espécies ameaçadas, o
CECFAU, inaugurado em junho de 2015. Foi na FPZSP que nasceu a primeira arara-azul-de-lear
em cativeiro no Brasil, o Teobaldo Leari. Justamente ele será pareado com uma juvenil vindo do
Oriente Médio. Ele já tem seis irmãos nascidos nesse ano, dois em fevereiro, outros dois em abril e
mais dois agora em junho.
As repatriações e transferências estão acontecendo a todo momento. No final de 2015,
repatriamos duas araras apreendidas em Portugal. A meta do programa é ter 26 casais formados até
2017. Temos muito trabalho pela frente, mas muitas conquistas ao longo de 2015 e 2016.
Agradecemos a todos os participantes do Programa de Cativeiro da espécie!!!
O programa de cativeiro da arara-azul-de-lear
A Portaria ICMBio nº 33, de 27 de março de 2014, aprova o Plano de Ação Nacional para a
Conservação da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) - PAN Arara-azul-de-lear, que tem o
objetivo de manter o crescimento populacional dessa ave até 2017, garantindo e incrementando a
qualidade do habitat e envolvendo as comunidades da área de ocorrência da espécie na sua
conservação. Dentro do PAN Arara-azul-de-lear existe um objetivo específico que trata do
Programa de Cativeiro da Arara-azul-de-lear. A Portaria ICMBio nº 231, de 26 de setembro de
2013, aprova o Programa de Cativeiro da arara-azul-de-Lear (Anodorhynchus leari) e a Portaria
ICMBio nº 280/2014, estabelece o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres
(CEMAVE) como coordenador do Programa, trazendo as instituições mantenedoras participantes. O
objetivo do programa é estabelecer um plantel adequado, em termos genético, demográfico,
sanitário e comportamental, para integrar futuro programa de revigoramento populacional na
natureza.