16/11/2019
O ser humano passa quase toda a existência – em média, 80 anos – tentando aprender a amar, perdoar e ser feliz. Amar por amar, sem compromisso, sem amor de volta. Perdoar de coração, sem aquele fundinho de mágoa que sempre resta. Ser feliz com as coisas simples da vida.
Árdua tarefa que arrastamos pelos anos, que nos consome, que nos leva à terapia, que causa sérios danos emocionais. Oitenta anos deveria ser tempo suficiente para aprendermos. Oitenta anos e uma infinidade de relacionamentos – família, amigos, amores, colegas e desafetos – não nos ensinam nada sobre amar, perdoar e viver.
Os cães vivem em média 15 anos – no máximo 20 – e sabem amar, perdoar e viver como talvez jamais aprendamos. Possivelmente eles vivem tão menos que nós porque já nascem com essas capacidades e não precisam de tempo para desenvolvê-las. Eles as praticam desde o primeiro encontro, a primeira bronca e o primeiro passeio na rua. Eles amam, perdoam e vivem cada momento exatamente como nós deveríamos fazer: naturalmente.
Quer saber? Temos muito o que aprender com nossos amigos de quatro patas.
Com que entusiasmo você recebe parentes e amigos queridos em casa? Certamente, com menos do que seu cão, que sempre faz festa e entra em êxtase, mostrando o quanto está feliz com aquele momento.
Quantas vezes bateu aquela preguiça de sair de casa para uma volta no quarteirão, mesmo em uma noite linda de lua cheia? Seu filhote jamais perderá a oportunidade de um passeio, mesmo que seja em uma fria noite de segunda. Ele sempre será o seu melhor estímulo para fugir do sedentarismo.
A brisa de uma tarde de outono vai desarrumar o cabelo que você levou um tempão para pentear? Saiba que seu cão adora esse ventinho na cara, que traz a sensação de liberdade e dezenas de aromas diferentes, que nós desaprendemos a sentir.
Cochilos vespertinos não fazem parte da sua rotina, porque, afinal, ou você cochila ou ganha dinheiro. Pois seu amigão revigora as energias nestas sonecas durante o dia para receber você a noite com a satisfação de um amigo que não vê o outro há muitos anos. E ele sabe que se alongar após o cochilo é ótimo para o corpo.
Enquanto você chega do trabalho sem energia e sem paciência, seu cão está sempre pronto pra pular, correr e br**car. Todos os dias, inclusive nas tardes quentes de verão.
Eles adoram ser tocados e acariciados, enquanto você prefere o touch screem do celular. Eles entendem que não precisa morder, quando um simples rosnado pode resolver o problema.
Seu amigo de quatro patas não liga a mínima sobre o que estão pensando dele quando ele rola na grama durante um passeio. E você aí preocupado com o que vão pensar se você for de chinelo no shopping.
Quando ele leva uma bronca por ter feito algo errado, o rabo entre as pernas e a cabeça baixa é a maneira como ele aprendeu a pedir desculpas e mostrar que está arrependido. Mesmo que depois ele faça besteira de novo. E você, como tem pedido desculpas ultimamente?
Ele vai tentar te comprar com beijinhos para você perdoá-lo, afinal a sua atenção é muito mais importante que o orgulho dele. E ainda que você não dê bola pra ele e não tenha paciência para os passeios e as br**cadeiras, ele vai ser o primeiro a estar ao seu lado quando as coisas não estiverem boas para o seu lado. Fidelidade é algo que nasceu com ele, enquanto nós custamos a encontrá-la.
Seu cão nunca fingirá gostar de alguém com quem ele não simpatiza, enquanto você está cercado destas pessoas todos os dias.
E sabe aquilo que ele quer muito, mas está enterrado bem fundo? Ele vai cavocar até achar. E você, o quanto tem corrido atrás dos seus objetivos? E se, depois de tanto esforço, ele estiver exausto, mas encontrar você triste em um canto, ele vai sentar ao seu lado, desacelerar a respiração, só para você saber que ele está lá. Mais uma vez!
Afinal de contas, você precisa aprender a ser tão feliz quanto seu cachorro.