12/11/2023
“Meu nome é Cauã, vivia em uma casa no alto, em um terraço, cada hora que meu dono vinha me trazer minha ração eu morria de felicidade, mesmo que às vezes ele não tivesse paciência com meus pulos de alegria e me empurrasse para o lado, mas ainda assim eu amava muito ele, foi assim por alguns anos, até que ele parou de vir e eu fui ficando magrinho, magrinho....
Quando um dia de repente uma moça veio me buscar, ela sim era mais carinhosa, me encheu de abraço e de beijos, me disse que me levaria para um local onde tinham vários amigos como eu, que eu poderia correr, brincar e não ficaria mais preso em um terraço, mas antes disso tive que visitar um veterinário, foi quando ele me disse que eu já devia ter uns 5 anos e coitadinho de mim por ter vivido preso em um lugar tão pequeno e sem interação.
Fui para esse lugar com outros animais, engordei, vivia lá feliz e brincando, mas mais feliz que isso era quando uma pessoa visitava o lugar, eles olhavam, olhavam e sempre pegavam os filhotes, os menores ou os de "raça", pegavam no colo, beijavam, abraçavam e adotavam, eu ficava feliz e nunca perdia esperança que um dia seria eu! Afinal, eu sempre quis saber como seria ser abraçado, beijado e adotado por alguém que me amasse... Foi assim por um ano, até que eu ganhei uma casinha de presente para minha baia, uma casinha de madeira que eu vivia dentro dela olhando as coisas afora, nessa casinha eu sonhava enquanto dormia em quando seria a minha vez, sempre que alguém visitava o abrigo, eu fazia festa, ficava de barriga pra cima, levava ossinho, mas parece que nada adiantava....
Chegou um dia de visitar de novo o veterinário e lá esse disse que eu já estava com 10 anos e que seria mais difícil agora... Meus pelos que eram marrom, já estavam brancos e eu já não corria tanto, nem pulava, mas eu ainda era bonzinho demais, pedia carinho, me comportava.... Mesmo com esse comentário, eu ainda sonhava todos os dias com o meu dia.
Mais um tempo se passou e antes, que eu fazia festa, agora já era difícil de ouvir quando vinha alguém visitar, eu levantava a cabeça e via a pessoa de longe, mas ficava deitadinho abanando o rabinho esperando se minha baia seria visitada e não era....
Mas sonhar ainda era a minha virtude.
Todos os dias por 10 anos foram assim, agora eu já tinha 15! As pessoas ainda escolhiam os filhotinhos, às vezes o abrigo nem recebia mais pessoas, porque os filhotes tinham acabado e na cabeça deles, os bebês seriam mais fáceis de terem apego, mal sabem eles... 10 anos se passaram e meu sonho também se foi. Meu último sono, eu sentia alguém me pegando no colo e falando: Agora você vai ser muito amado, mas aqui não, em um lugar mais puro, onde idade, tamanho, raça não são impedimentos para o amor e lealdade.
Foi quando minhas patas não eram tão frágeis, e minha força física voltou, ao invés de correr, ganhei asas pra voar e voei! Pra trás deixei um corpinho já sem vida e que nunca deixou de sonhar com o amor e assim fui livre, sem conhecer o amor do ser humano, mas com a certeza que transbordei e transcendi o amor que existia em mim, aqui só deixei minha caminha tão amada que ganhei de uma madrinha e me ossinho e minha eterna gratidão a dona do abrigo, que fez tudo por mim até meu último suspiro....
Leu até aqui? Se comoveu? Quando visitar um abrigo, antes de dizer que sua casa é pequena, abra seus olhos para a baia onde vive o animal, pergunte quantos anos ele tem, pergunte por quanto tempo vive em um abrigo.... Você pode ser a última esperança dele de encontrar o amor!!!!
Adote, priorize aquele que está há mais tempo num abrigo, pois é ele que tem a maior chance de ir embora sem ter tido uma família...”