AnestVet Dra Juliana Lopes

AnestVet Dra Juliana Lopes Serviço de Anestesiologia Veterinária e Controle da Dor

18/10/2016
Laboratório de Anestesiologia e Cirurgia Animal - UFPEL

Laboratório de Anestesiologia e Cirurgia Animal - UFPEL

CETAMINA E XILAZINA (KETAPUM)

Com certeza você já ouviu dos anestesiologistas e professores o quão ruim é uma anestesia APENAS com cetamina e xilazina. Mas você sabe os motivos?

Primeiramente, vamos lembrar os últimos posts onde definimos que a anestesia dissociativa sozinha não é anestesia cirúrgica. Mas é possível alcançar imobilidade e ausência de resposta ao estímulo cirúrgico? Sim, com doses elevadas.
Depois disso, temos dois aspectos importantes a considerar: ÉTICO (Bem estar animal) e SEGURANÇA (Risco de morte).

1º ÉTICA: Não se admite que se realize procedimentos cirúrgicos sem a presença de analgésicos. Lembremos que a xilazina possui analgesia visceral e a cetamina somática, MAS, isto é analgesia LEVE, não permite cirurgias extensas, ósseas, tampouco abertura de cavidade. Assim, uma castração apenas com cetamina e xilazina (mesmo que o animal não se mova na mesa) causa dor e é antiético, além de predispor a DOR CRÔNICA.
"-Ah mas o animal não se mexe!" Imobilidade não é sinônimo de anestesia.
"-Ah mas ele não altera respiratório nem cardíaco!" A xilazina promove bradicardia e hipertensão, com depressão respiratória, logo mesmo com dor o paciente não irá alterar os parâmetros.
E como deixar o protocolo mais "ético"? Adicionando opioides ao protocolo e/ou anestesia locoregional. Isso deixa de te transformar em um "monstro" que opera animais promovendo dor e que muitas vezes é o único tipo de anestesia que se tem. Porém entramos no segundo ponto.

2º SEGURANÇA: Se você utilizar cetamina, xilazina e opioides o animal terá excelente analgesia porém os riscos do protocolo se elevam consideravelmente (é a mesma coisa que beber e dirigir, você assume o risco de matar). Por que?
HIPERTENSÃO: tanto cetamina quanto xilazina são hipertensores!
"-ah mas melhor hipertensão que hipotensão". MENTIRA, hipertensão leva a danos nos órgãos principalmente RINS e RETINA (animal com INSUFICIÊNCIA RENAL ou CEGO no pós operatório).
"-ah mas nem sangra". Realmente a cirurgia sangra menos, pois a vasoconstrição periférica diminui sangramento e também perfusão tecidual.
LESÃO DE MIOCÁRDIO: Imagine que o coração está fraco por ação direta dos fármacos e está "lento" (bradicardia), logo, não está trabalhando direito. Ainda por cima, a hipertensão (vasoconstrição) aumenta a resistência que ele tem que vencer para bombear sangue (aumenta esforço cardíaco predispondo a lesões valvares). Para agravar o protocolo basta se administrar atropina para reverter a bradicardia, e então você terá um coração fraco e demasiadamente esforçado (aumentando as chances de infarto e lesões de baixa perfusão).
ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS: Sem sangue não há oxigenação! mas ainda sim a vasoconstrição pulmonar diminui as trocas gasosas prejudicando a oxigenação sanguínea.
Assim, embora você possa transformar este protocolo em um excelente analgésico, você não pode deixá-lo mais seguro!!!

ALGUNS PONTOS IMPORTANTES
- "Mas é mais barato": MENTIRA: atualmente fármacos como isofluorano e propofol estão com baixo custo e muitas vezes saem até mais em conta!
-"ah mas ele não se moveu durante a cirurgia" Imobilidade NÃO É ANESTESIA!
- "Mas nenhum paciente morreu até hoje" MENTIRA: para ser possível a cirurgia as doses precisam ser altas e inseguras, assim, se a taxa de mortalidade é baixa, ou o animal não estava adequadamente anestesiado (NÃO É "NORMAL " o paciente ter movimentos ou produzir vocalização) ou você está "ocultando" os óbitos. O que acontece é que a maioria dos pacientes ASA I ou II acabam "compensando" todo o estresse cardíaco e sobrevivem, mas ai vem outro ponto importante:
-"ah mas extubou e foi para casa então deu certo" MENTIRA: sucesso anestésico se resume em : segurança e analgesia pré, trans e PÓS-operatória. Não somente o óbito é culpa da anestesia, mas um animal com lesão renal, de retina ou com dor crônica também. Imagine aquele cão jovem com insuficiência renal ou cardíaca precoces, será que não foi a anestesia de 3 anos atrás?

CONCLUSÃO
É obvio que em pequenas cidades e até mesmo campanhas de castração a anestesia dissociativa é a única opção (não por ser mais barata, pois não é!). Nestas é imperativo que se use analgésicos e anestesia local complementar. Mas JAMAIS será um protocolo seguro!
Contudo, é preciso conscientização e instrução dos médicos veterinários até que não se permita mais que sejam realizadas cirurgias sob este protocolo totalmente inseguro e negligente. Ele é devastador ao sistema cardiorespiratório e renal e o preço desta anestesia normalmente é cobrado meses ou anos após. Vale refletir onde queremos chegar na medicina veterinária...

16/07/2016

O ANESTESISTA DO PONTO DE VISTA DO CIRURGIAO

O Anestesista Veterinario é uma peça fundamental e imprescindível da minha equipe de trabalho. Porque o trabalho do anestesista não se resume a pôr o doente "a dormir". O anestesista não é um "adormecedor de doentes". Mais importante do que pôr o doente a dormir no princípio é acordá-lo no fim.
Para além disso, uma boa qualidade do pós-operatório, em termos de bem estar e analgesia (quer dizer: o controle da dor) depende de vários fatores, sendo um deles, e determinante, a capacidade técnica do anestesista.

17/06/2016
Sociedade de Anestesiologia de Minas Gerais (SAMG)

Não existe sorte em anestesiologia! Existe competência e destreza!

Sobre PILOTOS e ANESTESISTAS
Milagre, sorte ou competência?

Dia 24/05 o avião que transportava a família do apresentador Luciano Huck apresentou uma falha na bomba de combustível, obrigando o piloto a fazer um pouso forçado. O piloto pousou numa a fazenda, mas imediatamente antes de pousar ainda teve que desviar de um rebanho. Ninguém se feriu. Este acidente aéreo poderia ter sido uma tragédia, mas todos sairam ilesos. Muita sorte! Ou talvez competência do piloto. Mas quem é esse piloto? Alguém se lembra do nome dele? Ou só nos lembramos dos pilotos nas tragédias? O mesmo acontece com procedimentos cirúrgicos, onde muitas vezes o paciente nem sequer sabe o nome de quem cuidou da sua vida, ou eventualmente a salvou: o anestesiologista. Seu nome só é lembrado quando algo dá errado. Mas e as inúmeras vezes que enfrentamos situações adversas decorrentes de falhas mecânicas, de complicações cirúrgicas ou de complicações próprias do paciente? As situações são inúmeras, mas a solução sempre passa por conhecimento técnico científico, associado à rápida capacidade de tomar decisões e à sorte, claro! Esta semana atendi no consultório pré-anestésico um bebê, cujo irmão apresentou Hipertermia Maligna durante uma cirurgia. A Hipertermia Maligna é uma doença genética rara e gravíssima, que pode ser desencadeada por alguns anestésicos e apresenta alta mortalidade. Essa criança sobreviveu sem nenhuma sequela. A mãe me relatou que todos falaram para ela que foi muita sorte! Talvez a sorte tenha ajudado, mas ter o medicamento próprio para tratar a Hipertermia Maligna no hospital não é sorte, é lei! Qualquer instituição onde se realizam cirurgias é obrigada a ter 36 frascos de Dantrolene (medicamento usado para tratar Hiperetermia Maligna). Para se ter uma idéia da urgência da situação, após o diagnóstico de Hipertermia Maligna o Dantrolene deve ser administrado imediatamente, pois a cada meia hora de demora entre o início dos sintomas e a administração da medicação, há um aumento significativo na mortalidade! Por outro lado de nada adiantaria a existência da medicação se o anestesista não fizesse rapidamente o diagnóstico e tratamento adequados. Fiquei curiosa em saber quem foi o profissional que salvou a vida daquela criança. A mãe da criança me disse que nunca se esquecerá do nome dele: Pedro Felipe de Souza Xavier.
Voltando ao acidente com a família do Luciano Huck, o nome do piloto é Osmar Frattini, tem 52 anos e provavelmente é bastante experiente, ou tem muita sorte, ou ambos. Parece que o episódio foi considerado um milagre. Será que passou pela cabeça das pessoas que a competência, experiência, controle emocional e capacidade de resolução do piloto ajudaram na realização desse milagre?
Outro milagre salvou os passageiros do voo US Airways 1549 em 15/01/2009, que ia de Nova Iorque para a Carolina do Norte. Enquanto ganhava altitude, o Airbus A320 atingiu um grupo de gansos, o que resultou na perda imediata da potência das turbinas, tornando necessário um pouso de emergência. A tripulação concluiu que a aeronave não conseguiria alcançar nenhum campo de pouso, decidindo então guiar a aeronave para o sul, estabelecendo seu curso para o rio Hudson. O nome do comandante era Chesley "Sully" Sullenberger, de 57 anos, um ex-piloto de caça que desde 1980, quando deixou a Força Aérea Americana, tornou-se comandante de linhas aéreas civis. Ele também era especialista em segurança e piloto de planadores. Consta que, após comunicar com a torre sobre a colisão e a necessidade urgente de pouso, a torre indicou que o piloto pousasse na pista Um, em Nova Jersey. O piloto respondeu que não seria possível, então a torre perguntou onde ele pretendia pousar e ele respondeu calmamente: "Estaremos no rio Hudson". A seguir perdeu-se a comunicação. O avião pousou minutos depois no Hudson e todos os 150 passageiros e 5 tripulantes foram salvos. Antes de sair do avião parcialmente submerso, o piloto ainda percorreu duas vezes os corredores para se certificar de que todos haviam saído. Muita sorte! Milagre mesmo! Ou como disse Tomas Jefferson: "quanto mais trabalho, mais a sorte me aparece". Já Churchill era mais enfático e dizia que a sorte não existia e que aquilo que chamamos de sorte é o cuidado com os pormenores...
Toda a tripulação do voo 1549 foi mais tarde condecorada com a Medalha de Mestre da Guild of Air Pilots and Air Navigators. No momento da entrega das medalhas, foi dito que "Este pouso de emergência e a evacuação da aeronave, sem a perda de nenhuma vida humana, é uma conquista heróica e única na história da aviação".

Michelle Nacur Lorentz

24/05/2016

Tartarectomia só com anestesia. O assunto tem gerado polêmica entre os profissionais que atuam em consultórios veterinários. O presidente da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV), Méd. Vet. Leonel Rocha, esclarece que, segundo critérios aferidos por entidades internacionais de Odon...

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