28/01/2025
Crespinha era seu nome de batismo, mas pra nós, simplesmente Prin!
Fiapo de manga legítima, e com o sorriso de piranha mais simpático e encantador, ela escolheu morar na clínica. Até tinha uma casa, mas fugia todos os dias e vinha até a nós. Foi nos conquistando com seu jeito faceiro, pedindo carinho e claro, petiscos, para todos. Aos poucos se achegando, até que veio de uma vez.
Mas a prin nunca nos pertenceu, ela era do mundo, liberdade sempre foi seu lema. A Prin era da vida, e um pouco de todos. Amava dar suas voltinhas pelo bairro, livre, leve e plena. Tinha uma legião de fãs por onde passava. Um dia, após ficar uma semana sem sair pois tinha fuçado lixo e vomitado, começamos a receber várias ligações de pessoas que deram por sua falta esperando sua visita para receber agrados. Era leitinho de um, carninha de outro, sachê na rua de trás. Aí descobrimos que fazia a ronda por todo o centro.
Famosa nas redes sociais como a "cachorrinha preta perdida no centro", rapidamente já era reconhecida pelos seguidores como a "Princesa da Pet Room". Não havia jeito de deixá-la presa. Contrariando meus princípios de que cachorro não pode fucar solto, era impassível conté-la. Sua vida era livre, seu propósito era acalentar os corações tristes dos tutores angustiados que aqui estavam, e alegrar os clientes com seu olhar peduncho. Ganhava petiscos de todos que chegavam. Até reconhecia os clientes que davam mais agradinhos. Fazia ainda mais festinha .
Quando eu virava a esquina de carro, reconhecia o barulho e já atravessava a rua feito um tiro, correndo na garagem pra me receber. Isso quando não percebia que eu ia tomar um café na casa da frente e saía desembestada, certeira de que iria roubar ração diferente da casa da minha mãe.
Quantas histórias temos da Prin, quantas risadas e alegrias ela nos trouxe. A recepção da clínica era seu lar.
Agora, nós últimos meses já estava longe. Não era mais a Prin sapeca e fogosa. Faltava-lhe a visão aguçada, a audição já não era a mesma. A gula , essa sim, não falhava. Andava mais pela sala de internação, a espera de um restinho de comida no potinho de algum internado para limpar.
(Continua nos comentários)