23/12/2021
Dar animais de presente pode ser uma maneira de criar um problema para a cidade e para a vida que foi tratada como um objeto presenteável. Ninguém sabe dizer o número certo, mas é fato que depois de festas tradicionais como páscoa e natal, aumenta muito o número de animais abandonados nas clínicas, parques, ruas e abrigos. O mesmo acontece em todo o mundo: segundo a WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal), mais da metade dos coelhos, cães e gatos adquiridos nesses períodos são abandonados. Em São Paulo são 25 mil cães e gatos recolhidos anualmente pelo Serviço de Controle de Zoonoses, dos quais apenas 1.200 conseguem um novo lar.
Pressionados pelas crianças muitos pais adquirem filhotes para dar de presente. Têm esperanças de que os animais ensinarão aos filhos a ter mais responsabilidades, afinal, o compromisso é sempre de que a criança vai incumbir-se de cuidar do animalzinho. A rotina do dia a dia, entretanto é diferente. Nem sempre a criança desempenha bem as tarefas, o filhote rói móveis e roupas, suja o tapete da sala e chora no meio da noite. Irritados, pais e mães logo se vêem na compulsão de “livrar-se do intruso”.
Os motivos para o abandono são vários: viagem de férias e ninguém para abrigar o animal, desistência do “brinquedo”, o trabalho gerado pelo animal, uma eventual deficiência física ou doença, problema de comportamento e outros. A primeira tentativa é de passar o problema para frente. Querem doar para o avô, o tio que tem chácara, o porteiro do prédio e, diante da total impossibilidade optam pelo abandono.
É sempre o mesmo artifício: à noite abandonam nas portas de faculdades ou de hospitais veterinários, nas clínicas, nos parques municipais ao amanhecer, ou mesmo à plena luz do sol, nas feiras e parques da cidade. Cometendo um crime ambiental federal e principalmente, um crime contra a vida do animal.
A maioria dos veterinários tem histórias para contar de ninhadas inteiras abandonadas na porta da clínica, o cãozinho com coleira preso na maçaneta, ou simplesmente largado no interior dos parques. Os cães, mesmo filhotes, tendem a seguir seus tutores (muitos acabam atropelados). Gatos também tendem a procurar o caminho de volta para casa, mas costumam morrer no caminho. Abandonados, os gatos crescem, procriam e adoecem, formando colônias em parques e ruas.
Vida não é brinquedo, animal não é presente!
A solução é a sociedade aderir à guarda responsável. Antes de adotar o animal, tem que conhecer suas necessidades, suas exigências e avaliar se realmente estão aptos a cuidar de um animal. Só depois de refletir com toda a família, analisando todos os aspectos da vida em comum, ir à busca do animal e, se for o caso, realizar a sua esterilização para evitar procriação.
Assim, como não se dá um bebê para alguém, também não se deve dar um animal de presente. Cuidar de um animal deve ser decisão da pessoa ou da família (no caso de uma criança), porque implica em responsabilidades prolongadas, além de gastos financeiros. Além disso, a adoção não deve ser motivada por data comemorativa ou desenvolver responsabilidade em crianças, mas pela decisão única e consciente de salvar uma vida e integrar um novo membro à família. E lembre-se, nunca compre um animal