04/04/2022
PATRIMÓNIO APANHADO NA REDE
USOS ANTIGOS DA FLORA ALGARVIA
A flora algarvia, rica e diversa, oferece-se desde tempos imemoriais a múltiplos usos.
A madeira das árvores (azinheiras, pinheiros, oliveiras) é utilizada na construção das casas, de engenhos para moinhos e noras, assim como de mobiliário e objectos de usos quotidiano.
A partir da cana fazem-se os conhecidos telhados de caniço da habitação tradicional da região e com a palha do centeio cobrem-se os palheiros e abrigos de gado.
Das piteiras, que encontramos nos valados a limitar as propriedades, tira-se o fio de pita com que faziam as cordas e o pau era utilizado para as velas dos moinhos ou de algumas embarcações como os saveirinhos.
Com a palma, o esparto, a cana, ou a tabua fazem-se trabalhos de empreita, cestaria e empalhamento tão característicos do Algarve Rural.
Muitas plantas servem para tingir tecidos (nogueira, cebola, limão,...), perfumar as casas e a roupa (alfazema, alecrim, rosmaninho).
Algumas eram utilizadas em amuletos para afastar os demónios, as bruxas ou os males de lua (arruda, tasneirinha). Outras (como o rosmaninho, a murta, a giesta,…) têm presença relevante nas festividades cíclicas ao longo do ano.
São ainda essenciais na alimentação e na medicina popular. É antiquíssima a utilização das plantas para fins medicinais pelas populações rurais e especialmente por ervanários, boticários, pastores, ferreiros e ferradores. São reconhecidas as virtudes de ervas como o hipericão, o S. Roberto, o salgueiro, a erva de Santa Maria, a malva, a camomila, entre muitas outras.
Na gastronomia revelam-se oferecendo-se ao paladar e cheiro em saladas (agrião, orégão, acelgas), sopas, caldeiradas (beldroegas, hortelã, poejos), e outras iguarias (tomilho, coentros, nêveda, salva, funcho, espargos,...).
Sendo a Primavera a estação em que se assiste ao renascimento do coberto vegetal e à floração de muitas das espécies, vamos ao longo das próximas publicações explorar alguns dos usos antigos da flora algarvia.