26/07/2024
AS RAZÕES PARA NÃO TESTAR FIV/FELV EM GATOS DE COLÓNIAS
A organização "Neighbourhood Cats" só faz exames para diagnóstico de FIV (virus da imunodeficiência felina) e FeLV (leucemia felina) em gatos com potencial para adopção ou que estejam doentes, com o fim de tratá-los. A decisão é baseada em importante estudos recentes que mostram que gatos infectados podem conviver de modo seguro com companheiros não-contaminados, e mesmo mães positivas não transmitem o vírus para seus gatinhos.
POR QUE TE**ES DE ROTINA NÃO DEVEM SER FEITOS?
1) Verbas limitadas. Cada cêntimo gasto em testar gatos significa menos recursos para esterilização, a principal meta de programas CED de redução de animais abandonados e por conseguinte de animais doentes. Pesquisas mostram que o índice de infecções em gatos de colônias é similar a de domesticados: cerca de 8%.(Lee et. al., Prevalence of feline leukemia virus infection and serum antibodies against feline immunodeficiency virus in unowned free-roaming cats (2002) Journal of the American Veterinary Medical Association, Vol. 220: 620-622.) Se levarmos em conta que, se 15 dólares forem gastos em cada exame para FIV/FeLV, em 100 gatos, o custo é de 1500 dolares para identificar uma média de 8 animais contaminados. Se o custo de cada esterilização é de $50, estes 8 gatos significam menos recursos para esterilizar 30 animais.
2. Te**es comumente usados não são confiáveis. O teste mais comum, o ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), é de resultado rápido mas possui alto grau de falibilidade (The Merck Veterinary Manual, 2012). O resultado são gatos saudáveis mortos e... custos adicionais para eutanásia!
3. Esterilização contem a disseminação de doenças.Esterilização é o modo mais eficiente de conter os meios de transmissão de doenças, de acordo com o estudo citado acima. FIV é transmitido primariamente através de mordidas que são, por sua vez, associadas ao acasalamento, na disputa por fêmeas. Uma vez esterilizados, comportamentos agressivos são menos comuns. Como infecções são mais suscetíveis em gatinhos que ainda não possuem imunidade desenvolvida, ao conter sua reprodução, previne-se também a transmissão destas doenças.
4. Testagem e eutanásia desencorajam cuidadores.
A destruição de gatos de aparência saudável gera desconfiança entre cuidadores, que raramente tem a escolha de tratamento e esterilização, além de suspeitas sobre diagnósticos errôneos.
5. Doenças são resultado da qualidade da assistência prestada por cuidadores. Na experiência da Neighborhood Cats, colônias onde há muitos casos de FIV e FeLV tendem a ter menos suporte de cuidadores. Em contraste, quanto maior o número gatos esterilizados e menor a testagem e eutanásia, maiores as chances de colônias saudáveis e cuidadores comprometidos com seus animais.
6. As vidas de animais contaminados também tem seu valor. Neighborhood Cats acredita que a euthanasia deveria ser a última alternativa, no sentido de pôr fim ao sofrimento de animais doentes, ou que, por falta de verbas, não podem ser tratados. Felinos contaminados e esterilizados podem permanecer saudáveis por muitos anos. E, sem o comportamento agressivo típico dos não-esterilizados, menos probabilidades têm de transmissão de doenças. Esta aliás é a experiência da organização, mesmo em casos de FeLV, um virus mais contagioso.
7. O "sentimento de culpa" não é verdadeiro. Entre uma minoria de programas CED que ainda testam todos os seus felinos, o principal argumento adoptado é que, ao retornar um gato contaminado a sua colônia, cuidadores seriam responsáveis pela doença e morte dos demais. Virus existem num dado ambiente muito antes de cuidadores e gatos surgirem e continuarão a existir. Programas CED e a assistência prestada por cuidadores não criam um mundo perfeito, mas sim um mundo melhor.