11/05/2024
Quando os animais incomodam
Vamos falar sobre realidade...
Estamos todos lotados, qual é a novidade?
O que sabemos:
O número de animais de rua por esterilizar é enorme, existem cada vez mais animais abandonados, as ninhadas começam a aparecer, os animais doentes nas colónias são muitos, feridos, constipados, atropelados, vítimas de fome, sede, brigas...
Quando o quadro é incomodativo todos reclamam, mas como diz o ditado "em casa onde não há pão todos relharam e ninguém tem razão".
Sejamos realistas: as pessoas demoram anos a ter uma cirurgia, demoram anos a conseguir uma vaga num lar, demoram meses a ter a consulta que precisam, tiram uma senha e aguardam... reclamam, mas seguem a vida.
Quando o assunto é animais, as pessoas querem o imediato, como se houvesse espaço e recursos para resolver a situação, como se as associações, estivessem sentadas à espera. Depois...ofendem e acusam.
Vamos ser realistas, nem a OHG nem o CRO conseguem dar resposta à dura realidade. Os animais reproduzem-se exponencialmente e o trabalho que fazemos é humanamente impossível acompanhar tal.
Vamos colocar o dedo na busílis da questão: UMA BOA PARTE DO PROBLEMA PRENDE-SE COM A FALTA DE RESPONSABILIDADE DOS TUTORES e de adoções irresponsáveis (porque apetece ter um bebé fofinho).
Animais não esterilizados, ninhadas caseiras entregues de qualquer forma, ABANDONO de gatas gestantes ou com crias, falta de responsabilidade por quem deixa o animal na rua para dar a sua voltinha, não estando esterilizado/castrado.
Falta de responsabilidade de famílias que sabem que os seus familiares séniores têm animais (às vezes muitos) e na hora do lar ou da morte é que acham que as associações ou qualquer outra entidade tem obrigação e resposta imediata para o seu problema.
Falta de responsabilidade de quem adota sem ter condições, quer financeiras, de habitação, estabilidade pessoal e profissional, etc... (sim, recebemos todo o tipo de justificação para comprovar a URGÊNCIA em entregar o SEU animal para viver numa jaula.
Com muito amor pelo animal afirmam: engravidei, nasceu o meu bebé, perdi o emprego, vou voltar ao meu país, tenho um namorado novo que não gosta de gatos, impede-me de viajar, não tenho dinheiro (embora os sinais exteriores mostrem o contrário - OPÇÕES -), o senhorio não quer animais, e deixo as outras justificações de fora.
O controle dos animais faz-se de várias frentes, porém, há uma frente que não conseguimos enfrentar: a falta de empatia, a irresponsabilidade de tutores e a maldade humana.
Não adianta retirar bebés e deixar a gata a fazer mastites, a sofrer de dor pela perda dos filhos, a realidade é que vai entrar em cio novamente e engravidar.
O que pedimos é que seja parte da solução sem causar mais sofrimento aos animais e sem atacar todos os que de momento não o conseguem ajudar.
As associações são feitas de pessoas com o seu emprego, família e vida própria, que VOLUNTÁRIAMENTE procuram ser parte da solução; não são uma empresa, não têm funcionários.
Pense um pouco, acha mesmo que existe algum serviço capaz de dar resposta a centenas e centenas de pedidos para recolher animais?
Acha mesmo que os animais de rua devem ser retirados para viverem em jaulas? Porque não têm eles direito a viver no território público?
Não, não abrimos uma porta e temos os jardins de Nardia.
Fazemos a nossa parte: esterilizamos, esterilizamos e esterilizamos.
Há muito por fazer, há! Todavia, não chega, mesmo com todas as outras entidades e cuidadores a fazer a sua parte.
Contribua também para ser parte da solução, se não poder, não exija, não ofenda.
Obrigada!
Lurdes Soares