O Quarto da LUA

O Quarto da LUA Espaço de Criação Artística e Desenvolvimento Pessoal
em Campo de Ourique. (Jardim da Parada)

07/06/2024

Este é um projecto do meu filho Gonçalo, que promete cuidar dos pets da Ericeira com todo o carinho!
ANIVERT é uma nova forma de cuidar do seu pet. Muito mais do que cães e gatos, cuidamos do seu animal, sem descriminação, seja qual for a espécie! 🐦🐭🐰🦎🐠🕷️🐕🐈🐿️
"Conte comigo p'atudo!"
Gonçalo Baptista

E assim, de sorriso cândido e olhar tranquilo está, com toda a certeza, a sorrir para nós..... Parabéns!À minha avóA nos...
19/11/2023

E assim, de sorriso cândido e olhar tranquilo está, com toda a certeza, a sorrir para nós..... Parabéns!

À minha avó

A nossa recordação mais antiga que guardo na caixa das horas vividas, é a mesa da cozinha cheia de púcaros onde, a par contigo, cozinhava as cascas das ervilhas que eu detestava, ou das cenouras que davam uma cor linda aos meus cozinhados depois de bem esborrachadas, ou ainda os talos dos grelos que eu desesperadamente tentava migar com a faca de sobremesa que me davas como utensílio. No fim das contas o mais importante de tudo era mesmo o avental, teu, que dobravas para eu não tropeçar e apertavas com um laço digno de uma princesa.

A cozinha foi, de facto, o centro das nossas memórias, aliás era o centro nevrálgico de toda a casa e família, que giravam à sua volta de acordo com as horas, os dias da semana, as festividades anuais e toda a logística que ali tratavas e resolvias com as tuas próprias mãos.

Nas grandes janelas, rasgadas sobre o Tejo, da sala de estar, aprendi a contar os carros que, apressados corriam na marginal nos fins de tarde de Primavera, com um Sol preguiçoso que se despedia da cidade beijando o rio.

Ao som dos Parodiantes de Lisboa faziam-se os trabalhos de casa, difíceis por ter vindo coxa (ou nem isso) da Primeira Classe. A tabuada espalhava-se por toda a casa, seguia pelo corredor até ao banho, abria a porta do quarto para se vestir, parava no sofá da sala da televisão e voltava à cozinha, sempre com os mesmos erros e os respectivos ralhetes.

Fora de casa, seguíamos até Algés com o rio como companheiro e as conversas inesgotáveis de quem descobria o mundo inteiro numa folha do jardim, e tu paciente, atenta, respondendo àquele enorme entusiasmo até às montras e montras com muito mais do que conseguia imaginar e, por fim, o café e o bolinho antes do eléctrico de regresso.

E ainda os Natais, e ainda o sótão com os brinquedos, e ainda as saias e os vestidos, e ainda as conversas de "mulheres", e ainda os outros dias todos de que não guardo memória...

A tua recordação mais antiga que guardo é tão antiga que não me lembro dela, mas sei que está dentro de mim, a primeira vez que te vi e te percebi minha... para sempre.

Liliana Lima

(a foto não é, obviamente, de hoje, mas é ela e o seu sorriso de sempre)

14 anos volvidos desde O Quarto da LUA ...Valeu a penaas dores de partoCada Luar contadoAs aventurase as desventurasO en...
29/09/2023

14 anos volvidos desde O Quarto da LUA ...
Valeu a pena
as dores de parto
Cada Luar contado
As aventuras
e as desventuras
O encantamento
As dúvidas
e as certezas
Cada dia
e cada noite
Todos os viajantes
os que voltaram
e os apenas passaram
Todas as histórias
que na Lua nasceram
e ao Luar se cantaram
As dores dum final
anunciado
e a Lua Nova
ao fechar da porta
Valeu a pena!

Estás a falar com o meu reflexo, Pascoaes!- Estarás a falar para mim? Disse ela baixinho como se falasse sozinha, como s...
16/09/2023

Estás a falar com o meu reflexo, Pascoaes!
- Estarás a falar para mim?
Disse ela baixinho como se falasse sozinha, como se ele não estivesse ali, mesmo em frente a ela, a meio de uma conversa que, segundo ele, era uma conversa importante, quem sabe até "fracturante" como dizem os jornalistas da moda.

- Falo para ti sim, com quem mais falaria?! Que pergunta tão parva! Na verdade, ainda não me respondeste... não sei processar os silêncios... Avancei depressa demais? Achas que exagerei. Eu sabia, não devia ter falado. Agora já não sei que dizer mais. Não posso voltar atrás. Já estás zangada...
A voz dele foi diminuindo de tom até que se tornou inaudível.

Ele enervado, ela nervosa. Os dois confusos sem dúvida. O silêncio abafou os barulhos de fundo. A cidade inteira em surdina para lhes dar espaço às palavras que diziam para dentro à procura da melhor resposta, da frase correcta, da solução certa.

- Não sei que te diga, não estou certa de ter entendido a questão. Parece-me que procuras resolver um problema que pensas que eu tenho. Mas, na verdade, eu acho que tu é que tens questões por resolver.

- Eu é que tenho questões?!
Desta vez era ele que falava para dentro, como que entrando num diálogo com ele próprio.

- Sim! Começaste a conversa dizendo que me querias ajudar a resolver questões que te parecia que me afrontavam, mas eu sempre percebi que tu te sentes desconfortável, como se algo te atormentasse. Então agora sou eu que te quero quero ajudar a resolver essas questões que estou certa te saltam ao espírito no dia-a-dia.
Ela, desta vez decidida, aproximou-se dele como quem fala com uma criança.

- Ah! Não inventes! Eu não tenho questões nem desconforto nenhum. Tu é que pareces uma donzela arrependida cada vez que te questiono. Aposto que te róis com dúvidas ou medos ou indecisões!
Afastando-se, ele respondeu esbracejando como um polícia sinaleiro.

- Estarás a falar para mim?!
Perguntou ela, novamente baixinho, afastando-se dele.

- E tu, estarás a falar de mim?
Respondeu ele também baixinho, também de longe como quem joga às escondidas com as palavras.

- Estou a falar do que sempre me pareceu que tu sentes...
Disse ela, cada vez mais baixo, cada vez mais longe.

- E eu, do que sempre tive certeza que tu pensas...
Disse ele para dentro, como que pedindo desculpa às pedras da calçada. Enquanto os barulhos de fundo voltavam ritmadamente.

A cidade inteira acordou num suspiro paternalista de quem está habituado a ouvir monólogos partilhados entre reflexos de pessoas.

Liliana Lima
16/Set/2009

- Estarás a falar para mim? Disse ela baixinho como se falasse sozinha, como se ele não estivesse ali, mesmo em frente a ela, a meio de uma...

Vou apresentar o meu livro no PORTO, num espaço muito especial, porque é de um amigo daqueles que entram devagarinho na ...
26/05/2022

Vou apresentar o meu livro no PORTO, num espaço muito especial, porque é de um amigo daqueles que entram devagarinho na nossa vida e trazem um carinho que se demora e f**a.
É na Porto Guitarra, no dia 7 de Junho às 18:30 com o José Moças e o Carlos Alberto Moniz..
Encontramo-nos lá?!






Endereço

Rua Almeida E Sousa Nº25 Cave
Lisbon
1350-007CAMPODEOURIQUE

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