10/05/2022
Bom dia Irados e Iradas,
"O nosso dia da tartaruga".
O IRA tem procurado um espaço para poder alojar animais de pecuária (cavalos, porcos, cabras, etc) resgatados.
Entre arrendamentos e tentativas de compra frustradas, decidimos enveredar pelos leilões eletrónicos.
Nesta plataforma reparámos numa quinta penhorada à venda, com bastante espaço para aquilo que pretendíamos e dentro da nossa área de actuação.
Parecia-nos um bom negócio com uma "pequena" particularidade:
A executada é uma senhora de idade conhecida na causa animal por acumular animais.
As fotos eram bastante ilustrativas, um número de animais superior aquele permitido por lei.
O interesse na compra da quinta foi substituído pela preocupação com os animais.
Então, assim que nos foi possível, fomos até ao local para visitar o espaço e fazer uma avaliação mais concreta do estado dos animais e das condições em que viviam.
"Aqui não entram" - Disse a senhora com um sorriso.
Marcámos uma visita com a agente de execução e com a Guarda Nacional Republicana e fomos até ao local.
Nessa manhã entrámos na quinta e devolvi-lhe o sorriso quando passei por ela.
Os animais apresentavam boa condição corporal, apesar do interior da habitação ser o típico de uma pessoa com este síndrome.
Muito lixo, muitas tralhas, demasiados animais.
Estou tão farto de acumuladoras, tão cansado de pessoas que acham que estão a ajudar os animais e que na verdade só estão integrar e potenciar o problema.
"Não vale tudo, senhores do dinheiro".
Vários licitadores interessados em comprar para rentabilizar a quinta.
O primeiro passo é despejar a senhora e os animais, alguém que depois resolva esse problema.
Vamos às licitações, mas fazia alguma confusão o facilitismo com que se despeja um ser humano e os seus animais.
IRA cobre todas as licitações e ganha o leilão.
Avançam as diligências legais de notificação da executada e dos prazos a decorrerem para ela cobrir a nossa oferta, ou para se preparar para sair.
"Esta é para ti, Kira".
Sem advogados, nem alaridos. Não trago guerra, trago paz!
Liguei-lhe e encontrei-me com ela na futura quinta do IRA.
Ela já havia sido notificada, recebeu-me sem sorrisos amarelos nem sarcasmos.
"Já sei que ganhou o leilão, o que vai acontecer a seguir?"
Vai depender de si.
Decida de forma sensata, pois trago-lhe aquilo que mais ninguém lhe dará.
- Ofereço-lhe um contrato de trabalho como caseira, mesmo sabendo que é doente oncológica e que vai iniciar a quimioterapia em breve.
- Vou realojá-la temporariamente numa casa até terminar a reabilitação do espaço onde vive com os animais, quando estiver pronta poderá voltar para lá.
- Vou permitir que cuide dos nossos animais, supervisionada por elementos do IRA.
- Os animais que possui atualmente serão dados para adopção, à excepção de 2 gatos e 2 cães.
- Está proibida de recolher animais, de receber animais ou de relocalizar animais.
- Tem de alimentar, cuidar, passear, e limpar os nossos animais e espaços inerentes.
A alternativa é o despejo coercivo, vai para um lar da segurança social e os animais ficarão à nossa guarda muito provavelmente.
E assim deixámos, na mão desta senhora, o poder de agora decidir o seu destino.
A nossa parte foi feita.
Partilhem,
www.NIRA.pt