11/10/2025
A história de Dona Jacira, de 77 anos, emocionou moradores de Porangaba, no interior de São Paulo. Após mais de 30 anos cuidando do papagaio Louro, ela perdeu o animal quando uma denúncia levou à sua apreensão. Segundo a advogada Ana Mendes, a denúncia foi feita por um vizinho incomodado com o barulho das maritacas que a idosa alimentava no quintal. A Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente cumpriu o mandado de busca e apreensão e levou o papagaio, que foi mantido engaiolado enquanto o órgão buscava um destino adequado. Veterinários avaliaram a ave e não encontraram sinais de maus-tratos, mas também informaram que não havia local apropriado para abrigá-la.
A separação abalou profundamente Dona Jacira, que é diabética, cadeirante e viu sua pressão se alterar após a retirada do animal. A família então enviou ao Ministério Público um requerimento destacando o vínculo afetivo entre a idosa e Louro. A advogada explicou que o papagaio era totalmente domesticado, circulava livre pela casa, reconhecia a tutora e tinha hábitos alimentares definidos por ela, como sementes de girassol, frutas e pedaços de pão. O argumento central foi que o tempo de convivência havia transformado Louro em um animal doméstico, com forte laço emocional.
Sem espaço adequado para manter a ave e diante da constatação de ausência de maus-tratos, o secretário municipal Paulo Fernando Soares Vieira apoiou o retorno provisório do papagaio à idosa enquanto aguardavam o parecer final. Em janeiro, o Ministério Público deferiu o pedido, reconhecendo que Jacira era a guardiã legítima do animal. Com isso, Louro voltou para casa, e a idosa recuperou a tranquilidade. Segundo a advogada, desde a devolução, Dona Jacira e o papagaio voltaram a se ajustar à rotina de décadas, encerrando o caso com um desfecho que reuniu afeto, justiça e sensibilidade.