17/08/2016
Cada vez mais os estudos demonstram que dar ração para os Pets talvez não seja uma boa ideia.
Agora um estudo relaciona a falta de fertilidade à ingestão de ração e seus contaminantes.
Parabéns a Dra. Sylvia Angélico do site Cachorro Verde pela tradução.
Estudo de 26 anos relaciona queda na fertilidade de cães a contaminantes presentes em rações
Quem conhece o nosso trabalho com o Cachorro Verde sabe que frequentemente fazemos ressalvas às rações para pets, principalmente as convencionais, por motivos que vão da qualidade das matérias-primas (subprodutos e transgênicos), à inclusão de aditivos controversos (conservantes como BHT, BHA, etoxiquina) e a presença de toxinas fúngicas em rações à base de milho e soja.
Não que precisasse, mas agora há mais um motivo para repensar a dieta industrializada: a presença de potentes disruptores endócrinos. O nome é complicado, mas se refere a substâncias capazes de afetar o funcionamento normal de glândulas como os testículos, ovários, tireoide, adrenais etc. Uma das possíveis consequências desse desbalanço é a dificuldade reprodutiva, que foi tema de um estudo científico recente envolvendo cães machos. Confira nossa tradução abaixo.
Artigo publicado em 09 de agosto de 2016 no site Pet Food Industry (leia o original em inglês aqui: http://www.petfoodindustry.com/articles/5957-chemicals-in-dog-food-may-decrease-fertility?utm_content=buffer05d3a&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer)
Tradução e adaptação: Sylvia Angélico
"Ao longo de 26 anos, os cientistas vêm observando uma queda signif**ativa na qualidade do sêmen de cães reprodutores. Certos elementos químicos encontrados em rações comerciais para cães podem ser parcialmente responsáveis por essa redução, sugerem os pesquisadores de um artigo publicado recentemente no periódico Nature´s Scientific Reports.
Motilidade espermática reduzida
A cada ano, entre 1988 e 2014, foi coletado sêmen de cães de quatro raças diferentes - Retriever do Labrador, Golden Retriever, Curly Coated Retriever, Border Collie e Pastor Alemão - que faziam parte de um programa reprodutivo de cães de assistência a humanos com necessidades especiais. Anualmente, entre 42 e 97 cães foram avaliados durante os 26 anos do estudo.
Entre 1988 e 1998, a motilidade espermática caiu 2,5% por ano. Os cães com a pior qualidade de sêmen na época foram removidos do programa, mas mesmo assim a motilidade espermática continuou a cair 1.2% por ano entre 2002 e 2014. Além disso, começaram a nascer filhotes com alta incidência de criptorquidismo (condição na qual o testículo não " desce" para o escroto; f**a retido no canal inguinal). E filhotes fêmeas apresentaram um risco três vezes maior de nascerem mortas.
Para tentar entender se a dieta poderia ser um fator de influência, quinze rações comerciais para cães foram analisadas por uma equipe de cientistas liderada por Richard Lea, biólogo da área de reprodução da Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências da Universidade de Nottingham.
Química na ração
As rações avaliadas continham dietilexil ftalato (DEHP), sete tipos de bifenil policlorinado (PCB) e quatro tipos de éteres difenil polibrominados (PBDE). Muitas dessas mesmas substâncias químicas foram encontradas nos testículos de cães (pós-castração) e no sêmen de 14 dos cães que faziam parte do programa de reprodução.
Algumas das rações para cães continham uma concentração mais elevada dessas substâncias químicas que outras. Uma marca de ração para filhotes concentrava maiores níveis de PBDE e quatro tipos de PCB a mais que as outras marcas testadas. Uma marca de ração úmida (de lata) continha níveis mais altos de PBDE e todos os sete tipos de PCB em relação às demais marcas avaliadas.
Efeitos dessas substâncias no es***ma
Experimentos adicionais com dois desses elementos, PCB153 e DEHP, verif**aram que a concentração testicular dessas substâncias reduz a motilidade e a viabilidade dos es***matozoides. Esse efeito pode ser responsável pela reduzida qualidade espermática dos cães reprodutores do programa, de acordo com o estudo dos pesquisadores."
Em reportagem publicada no The New York Times, os cientistas
disseram que ainda não conseguem determinar de que forma esses elementos foram parar nas rações. O Dr. Lea e seus colegas especulam que a embalagem e a água que entraram em contato com os ingredientes são possíveis veículos de contaminação.
Mais informações a respeito em reportagem publicada no The New York Times: http://www.nytimes.com/2016/08/10/science/dog-sperm-fertility.html?smprod=nytcore-ipad&smid=nytcore-ipad-share&_r=0
Crédito da imagem: puppydogweb.com